Título: Arruda é alvo de nova denúncia por documentos falsos
Autor: Costa, Rosa ; Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2010, Nacional, p. A12

Desta vez, Procuradoria-Geral acusa governador do DF, preso há quase dez dias, de falsidade ideológica

A Procuradoria-Geral da República apresentou ontem mais uma denúncia contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). Desta vez, ele foi acusado por falsidade ideológica. Afastado do cargo e preso há quase 10 dias, Arruda teria colocado informações falsas em quatro documentos apresentados à Polícia Federal para tentar justificar o dinheiro recebido de Durval Barbosa - o ex-secretário de relações institucionais do Distrito Federal que gravou em vídeo a cena na qual o governador aceitava o pacote de dinheiro.

De acordo com os quatro documentos apresentados por Arruda, tratavam-se de doações de Barbosa para "pequenas lembranças" e "campanhas de Natal", nos valores de R$ 20 mil em 2004, R$ 30 mil em 2005, R$ 20 mil em 2006 e R$ 20 mil em 2007. Nenhum dos documentos têm data e, de acordo com a Procuradoria, foram criados e assinados por Arruda em 28 de outubro de 2009.

Os documentos foram entregues a Barbosa que, dias depois, os entregou à PF afirmando que nunca fizera doações a Arruda. A defesa do governador alega que não foi informada e estudará o caso.

SUSTENTAÇÃO

Enquanto o governador enfrenta denúncias, seu substituto interino, Paulo Octávio busca sustentação. Ontem ele passou o dia tentando convencer os deputados distritais a lhe darem apoio para permanecer no cargo. Até organizou um almoço com a bancada, que, após ser boicotado pelos partidos de oposição, acabou não ocorrendo.

Na sexta-feira, os quatro deputados do PT - Paulo Tadeu, Cabo Patrício, Chico Leite, Erika Kokay -, além de José Antônio Reguffe (PDT), decidiram não participar do encontro e divulgaram nota explicando a recusa.

"Os deputados entendem que o papel mais importante da Câmara Legislativa, neste momento, é concluir os processos de impeachment do governador e vice-governador e de quebra de decoro parlamentar de deputados flagrados na Operação Caixa de Pandora, bem como apurar os atos de corrupção praticados", dizia a nota.

Ainda segundo o texto, os deputados esperam que se restabeleça, o quanto antes, a normalidade institucional, com "o afastamento de todos os envolvidos de seus cargos, com a consequente responsabilização prevista em lei; a rescisão de todos os contratos com indícios de superfaturamento, com a declaração de inidoneidade das empresas para contratar com o poder público e a devolução de todo o dinheiro público recebido de forma indevida".

A oposição já deixou claro que não tem intenção de participar de qualquer tipo de operação de salvamento do mandato de Paulo Octávio. "Como é que a gente vai dar sustentação a um político que é alvo de processos de impeachment, que a gente vai ter de julgar, dizer se ele é culpado ou inocente? Em segundo lugar, há dois dias, ele dizia que iria renunciar. Além disso, não se pode esquecer que o governador atrelado a Paulo Octávio está preso", afirmou Tadeu.