Título: Operação Tellus quase pôs vice entre os investigados
Autor: Pires, Carol
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2010, Nacional, p. A4

O Ministério Público do Distrito Federal chegou a preparar a inclusão do governador em exercício, Paulo Octávio (DEM), no rol de investigados da Operação Tellus, que apura suposto esquema de cobrança de propina de empresários interessados em adquirir lotes do governo a preços subsidiados. Como o Estado revelou ontem, a investigação alcançou auxiliares diretos de Paulo Octávio, que à época acumulava a vice-governadoria com o posto de secretário de Desenvolvimento Econômico do DF.

Em mais um episódio que lança suspeitas sobre a atuação da Polícia Civil de Brasília, o governador em exercício entregou a secretaria no momento em que os investigadores fechavam o cerco sobre ele. O delegado encarregado do caso foi afastado.

Àquela altura, o inquérito havia chegado muito perto de Paulo Octávio. Nas interceptações telefônicas, feitas com autorização judicial, assessores da confiança dele tratavam abertamente do esquema. Muitas vezes falavam em nome de Paulo Octávio, que também teve conversas gravadas.

Segundo o inquérito, a propina variava de acordo com a localização dos terrenos, distribuídos a empresários como parte do Pró-DF, programa de incentivo destinado a desenvolver economicamente o Distrito Federal. Um empresário que quisesse receber um terreno na região de Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, por exemplo, tinha de pagar R$ 800 mil. Outro inquérito que pode complicar Paulo Octávio é a Operação Tucunaré, que também saiu da alçada da Polícia Civil depois do afastamento dos delegados responsáveis pelo caso.

"Ele está sereno, expliquei que ele não poderia ser investigado em primeira instância. Se estivesse sendo investigado, seria pelo STJ", disse ontem o advogado do governador em exercício, Antônio Carlos Almeida Castro, após encontro com Paulo Octávio. COLABOROU RAFAEL MORAES MOURA