Título: Irã terá mais 2 usinas à prova de bombardeios
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2010, Internacional, p. A14

Construção de plantas atômicas começa em março, anuncia Teerã

O Irã anunciou ontem que pretende iniciar em março a construção de duas novas usinas de enriquecimento de urânio - dentro de montanhas para evitar ataques aéreos.

O anúncio foi feito por Ali Akbar Salehi, diretor da Organização Iraniana de Energia Atômica, pouco depois de o general David Petraeus, comandante das forças americanas no Iraque e no Afeganistão, afirmar que os Estados Unidos adotarão, de agora em diante, "a via da pressão" para evitar que o Irã continue com o seu programa nuclear.

"Se Deus quiser, será possível iniciar no próximo ano iraniano (que começa em março) a construção de duas usinas de enriquecimento, por ordem do presidente Mahmoud Ahmadinejad", afirmou Salehi.

"Cada uma das duas instalações terá a mesma capacidade da usina de enriquecimento de Natanz", indicou. A planta de Natanz, atualmente a única capaz de enriquecer urânio no Irã, pode operar com até 50 mil centrífugas.

"Queremos utilizar novas centrífugas nas duas plantas", acrescentou Salehi, afirmando que as novas usinas serão construídas "no coração das montanhas, para ser protegidas de qualquer ataque".

Em novembro, Ahmadinejad revelou que o Irã deve construir dez novas usinas de enriquecimento de urânio. O anúncio foi feito após as potências que negociam o fim do programa nuclear iraniano protestarem contra a construção, em segredo, da segunda usina de enriquecimento perto da cidade sagrada de Qom.

EVENTUAL ATAQUE

O chefe das Forças Armadas dos EUA, almirante Mike Mullen, disse que um eventual ataque contra o Irã não seria "decisivo" para conter o programa nuclear iraniano, defendendo o uso da pressão diplomática e econômica contra o regime.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Philip Crowley, afirmou que o anúncio da construção das duas novas usinas "é uma prova de que o Irã rejeita cooperar com a AIEA", a Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU.