Título: Greve na França ameaça abastecimento de gasolina
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2010, Economia, p. B9

Pelo menos quatro refinarias de petróleo da França podem parar nessa semana em razão de um movimento de greve convocado por sindicatos contra o fechamento de uma usina da companhia Total, em Dunkerque, no norte do país. A mobilização dos trabalhadores, iniciada há um mês, intensificou-se no fim de semana, quando a Confederação Geral do Trabalho (CGT), o maior sindicato do país, convocou uma mobilização nacional.

O conflito atinge a refinaria da Total - espécie de Petrobrás francesa - há um mês, quando a direção da empresa anunciou a intenção de fechar a planta. Pelos cálculos dos sindicatos, pelo menos 370 empregos diretos e entre 400 e 450 subcontratados serão extintos.

Em resposta aos trabalhadores, o diretor-geral de Total, Christophe de Margerie, afirmou que "todos os efetivos continuarão na empresa e não haverá demissão forçada". Preocupado com o movimento, o Palácio do Eliseu pressionou a empresa a antecipar a reunião de seu Comitê Central, que decidirá sobre o fechamento da unidade, de 29 para 8 de março.

"Continuaremos o movimento, porque ainda há muitas interrogações", afirmou à imprensa francesa o delegado do sindicato SUD, Philippe Wullens. Uma convocação de greve também foi feita em duas refinarias do grupo norte-americano ExxonMobil no país, assim como em outra do grupo britânico Ineos. Uma assembleia geral será realizada na refinaria Petroplus, em Rouen, no noroeste da França. A expectativa é que os trabalhadores dessas plantas cruzem os braços já a partir de amanhã.

Caso as paralisações se concretizem, o refino de derivados de petróleo corre o risco de sofrer um blecaute na França - 50% do combustível consumido no país é produzido pelas seis refinarias do grupo Total. O governo organiza uma estratégia de emergência, que deve resultar na elevação do volume de combustível importado e no aumento da produção em refinarias privadas.