Título: Deficiência de acesso dá pior nota a Salvador
Autor: Bernardes, Monica
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2010, Economia, p. B6

Em 3 anos, movimentação de cargas caiu no porto

As deficiências do acesso rodoviário, ferroviário e marítimo renderam ao Porto de Salvador (BA) a pior nota dada pelas empresas exportadoras e importadoras, segundo pesquisa feita pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), com 187 companhias. Segundo especialistas, o porto baiano opera na capacidade máxima há quatro anos e, por não receber melhorias, não consegue absorver a demanda crescente dos clientes.

Os dados apontam que, nos últimos três anos, a movimentação no porto diminuiu, apesar do aumento da corrente de comércio no País. Em 2007, foram embarcados 144.192 contêineres. No ano seguinte, 137.123. Em 2009, nova queda, para 134.023.

Como não há investimentos, a produtividade do porto vai sendo ultrapassada pela de outros equipamentos no País. O berço de atracação de Salvador realiza, em média, 30 movimentos por hora de contêineres, algo próximo da metade do que atinge o Porto de Santos e um quarto da produtividade de portos da Europa e do Sudeste Asiático.

A Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) refuta a informação e aponta que as movimentações chegam a 42 por hora. "Considerando que a retroárea do porto é a metade do sugerido pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), nossa eficiência está acima do normal", diz o diretor-presidente da Codeba, José Muniz Rebouças.

"Desde 2005, há discussões sobre a ampliação do porto, que tem apenas um berço de atracação e dois guindastes, quando já poderia ter quatro berços", diz o diretor executivo da Associação dos Usuários dos Portos da Bahia (Usuport), Paulo Villa. "As obras deveriam ter começado no ano passado, mas ainda não saíram do papel."

Segundo cálculos da entidade, 34,8% das cargas transportadas em contêineres do comércio exterior baiano (o equivalente a 630 mil toneladas) acabam sendo enviadas a outros Estados antes de ser embarcadas.

"Apenas com o frete extra, as empresas que utilizam o porto gastam R$ 150 milhões a mais por ano", diz Villa. "Isso retira a competitividade dos produtos." Para ele, a falta de melhor estrutura portuária em Salvador impacta diretamente a participação da Bahia na exportação nacional: em 2006, a produção do Estado respondia por 4,9% do total comercializado pelo Brasil em outros países; em 2009, 4,6%.

Segundo a Codeba os problemas do porto começarão a ser solucionados em abril, com o início de obras de dragagem, para ampliar o calado de 12 para 15 metros. Em seguida, devem ser iniciadas as obras de ampliação do terminal.

O berço de atracação será aumentado dos atuais 210 metros para 375 metros, com a incorporação de três novos guindastes, e a retroárea ganhará 40 mil metros quadrados. Os investimentos são de R$ 100 milhões.

Também está sendo construído um novo acesso ao porto, chamado Via Expressa Baía de Todos os Santos, que vai ligar a principal rodovia do Estado, a BR-324, ao terminal. O custo previsto para a obra é de R$ 381 milhões e a previsão de entrega é em 2012.