Título: União acentua concentração no mercado de combustíveis
Autor: Pacheco, Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2010, Economia, p. B11

RIO A união entre Shell e Cosan acentua a concentração na distribuição de combustíveis, que vem passando por forte consolidação nos últimos anos. A situação será pior no mercado de diesel, no qual as três grandes empresas - BR, Ultra e Shell/Cosan - passam a controlar 79,9% das vendas. Para o consumidor, há risco de preços mais altos, diz a Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis (Fecombustíveis).

"O que nos preocupa é a diminuição da concorrência. Em vez de duas empresas, que vinham com políticas agressivas em busca do mercado, teremos apenas uma", disse o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a nova empresa terá 19,1% do mercado de gasolina, 16,2% do de diesel e 18,6% do de etanol. Permanece na terceira posição nas vendas de gasolina e diesel, mas ultrapassa o Ultra em volume de vendas de etanol, atingindo a segunda posição.

Os dados são referentes ao período de janeiro a agosto de 2009 e já sinalizam forte concentração por causa do processo de consolidação do setor nos últimos anos, após a aquisição da Ipiranga pela Ultra e Petrobrás e da Texaco pela Ultra. Com a união entre Shell e Cosan, as três maiores passam a deter 68,7% do mercado de gasolina, 79,9% do mercado de diesel e 68,3% do mercado de etanol. A estatística inclui as vendas totais de cada empresa (para seus postos, grandes clientes e postos de terceiros).

Em número de postos, as três principais companhias passam a deter 43,6% do mercado no País. No Sudeste, a concentração chega a 47%. A quarta maior companhia do setor, AleSat, vem bem atrás, com 3,6% dos postos - a companhia também vem experimentando forte crescimento via aquisições, a maior delas envolvendo a rede brasileira da espanhola Repsol.

"A joint venture (entre Shell e Cosan) mostra confiança no crescimento do mercado de combustíveis no Brasil", disse o vice-presidente executivo do Sindicato das Empresas Distribuidora de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz.

Colaborou Kelly Lima