Título: Conta petróleo surpreende e analistas erram previsão
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2010, Economia, p. B6

O volátil comércio de petróleo pegou os analistas no contrapé e contribuiu para o bom resultado da balança comercial em janeiro. Em vez do déficit de mais de US$ 1 bilhão previsto pelo mercado, o primeiro mês do ano fechou com resultado negativo de US$ 166 milhões.

Os economistas culparam o desempenho surpreendente das vendas de petróleo e derivados na última semana do mês pelo erro de cálculo. A conta petróleo terminou janeiro com leve superávit de US$ 22 milhões, conforme as contas do departamento econômico do Bradesco.

Na última semana do mês, o Brasil exportou US$ 806 milhões em petróleo e derivados, quase o mesmo valor acumulado nas três primeiras semanas (US$ 850 milhões). A média diária das exportações do produto saltou de apenas US$ 19,8 milhões na segunda semana para US$ 111,2 milhões na terceira e US$ 161,2 milhões na quarta.

"As exportações ficaram muito concentradas em petróleo e derivados. Na quarta semana, teve uma alta absurda", disse a economista da Rosemberg & Associados, Fernanda Feil. Em relação a janeiro de 2009, as vendas externas do produto avançaram 194%. Rosemberg e Bradesco previam déficit de US$ 1,2 bilhão para a balança comercial em janeiro.

As importações de combustíveis e lubrificantes ficaram abaixo do esperado. A média diária das compras externas dos produtos cedeu de US$ 103 milhões na terceira semana para US$ 49,5 milhões na quarta.

O cálculo equivocado de janeiro, no entanto, não é suficiente para consultores e bancos revisarem as projeções para a balança em 2010. Os analistas argumentam que o resultado de janeiro foi "pontual" e a tendência é de importações mais fortes que as exportações.

Segundo a MCM Consultores, as importações tiveram a sétima alta consecutiva em janeiro em relação ao mês anterior pelo critério livre de influências sazonais. "É um desempenho impressionante", disse o economista Marcos Fantinatti, da MCM. A consultoria projeta superávit de US$ 8,5 bilhão este ano, abaixo dos US$ 24,6 bilhões de 2009. A média dos analistas do boletim Focus, do Banco Central, aponta superávit de US$ 10 bilhões em 2010.