Título: País tem déficit de US$ 116 milhões
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2010, Economia, p. B6

Venda recorde de petróleo evita saldo negativo bilionário na balança

BRASÍLIA As fortes vendas de petróleo do País ajudaram a evitar um déficit bilionário na balança comercial em janeiro. O saldo comercial brasileiro foi negativo em US$ 166 milhões. A média diária de exportações bateu recorde histórico em janeiro, alcançando US$ 565,3 milhões, o que representou um aumento de 21,3% em relação a janeiro de 2009.

O resultado negativo da balança comercial não chegou a desanimar o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, que argumentou ter havido recuperação em relação a janeiro do ano passado quando, no auge da crise econômica mundial, o déficit somou US$ 529 milhões. "Este ano começou mais promissor que 2009", disse ele.

Em números absolutos, o País exportou US$ 11,305 bilhões no mês passado, cifra que não chegou a superar limites anteriormente registrados. Os embarques de petróleo bruto somaram US$ 1,014 bilhão, três vezes mais que o exportado em de janeiro de 2009, graças aos aumentos de 20%, no volume embarcado, e de 144%, no preço.

Para Barral, a principal causa do saldo negativo do mês passado foi o aumento de 16,8% da média diária das importações, que alcançou US$ 573,6 milhões foi a maior para meses de janeiro registrada até agora. No total, o País importou US$ 11,471 bilhões no mês passado.

Segundo o secretário, essa expansão deveu-se ao mercado interno brasileiro aquecido e ao impacto favorável da taxa de câmbio sobre as compras externas de bens de consumo e de matérias-primas e bens intermediários.

No primeiro caso, o aumento foi de 37,9%, em relação a janeiro de 2009, com especial destaque para a expansão de 83,4% nas importações de automóveis. No segundo caso, houve crescimento de 21,3%.O impacto do câmbio teria sido menor nas importações de bens de capital, que aumentaram 6,8%, na mesma comparação.

A VOLTA DOS EUA

Do lado das exportações, o desempenho foi ajudado ainda pela recuperação de dois tradicionais mercados de bens manufaturados brasileiros, os Estados Unidos e a Argentina.

Em janeiro, os americanos voltaram à condição de principal parceiro individual do Brasil nas duas mãos do comércio, depois de terem sido ultrapassados em 2009 pela China.

O desempenho do mês não marca uma tendência. Mas houve crescimento de 22,8% nas exportações brasileiras para o mercado americano, em relação a janeiro do ano passado. O total alcançou US$ 1,369 bilhão. Mesmo assim, o saldo bilateral fechou negativo em US$ 322 milhões para o Brasil.

No caso da Argentina, as exportações somaram US$ 973 milhões, com expansão de 58,9%.

Em um exercício de cálculo, a Secretária de Comércio Exterior (Secex) concluiu que as exportações brasileiras no mês teriam crescido 10%, se fosse excluído o embarque de petróleo. O porcentual, segundo Barral, é compatível com as estimativas da secretaria para a expansão das exportações neste ano. "O petróleo acabou matizando a balança comercial de janeiro, mas não foi o item que a salvou", disse.