Título: Lula descarta palanques duplos
Autor: Tosta, Wilson ; Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/2010, Nacional, p. A4

Sem aliança, presidente diz que ficará fora da campanha

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não haverá palanques duplos na campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff nos Estados onde PT e PMDB não chegarem a um acordo para lançar um candidato único. A declaração foi dada ao lado do governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), que é candidato à reeleição e pode enfrentar nas urnas o ex-governador José Orcírio dos Santos, conhecido como Zeca do PT.

"Se em algum Estado não houver possibilidade de construir uma aliança política, o que vai acontecer é que o presidente da República não participará da campanha naquele Estado", disse Lula. "Não acredito muito na estória de dois palanques, não é possível que uma pessoa possa vir a um Estado e fazer um palanque aqui e outro ali." O presidente citou os casos de Mato Grosso do Sul, de Santa Catarina e de Pernambuco como exemplos de locais onde as negociações entre os dois partidos estão "difíceis". "Primeiro vamos resolver a questão nacional, depois as regionais."

O presidente, Puccinelli e Zeca do PT estiveram ontem em Três Lagoas para visitar fábricas das empresas Fibria e International Paper, de celulose e papel, respectivamente. Também participaram do evento o ministro de Comunicação Social, Franklin Martins, e o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho.

Depois do discurso, Lula negou que tenha aconselhado o governador em exercício do DF, Paulo Octavio, a permanecer no cargo. "A única coisa que eu disse para ele é que o governo federal não pode tomar nenhuma decisão enquanto a Suprema Corte não decidir o que vai acontecer. O presidente da República não pode dar palpite."

Questionado se pretende responder a lista de perguntas sobre o mensalão, feita pelo Ministério Público e encaminhada há mais de três meses ao Palácio do Planalto. "É lógico (que sim). A Advocacia Geral da União é que recebe, é o meu advogado. Quando ele preparar, estará a resposta lá, porque é a contribuição que queremos dar para o processo."