Título: Eletrobrás pode ter quase metade da usina de Belo Monte
Autor: Andrade, Renato ; Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/2010, Economia, p. B1
Participação é mais um sinal do fortalecimento da estatal, seguindo determinações do presidente Lula
A Eletrobrás poderá ter praticamente metade da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). A participação na obra, que será a terceira maior usina do mundo quando concluída, é mais um sinal do fortalecimento da estatal, seguindo determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estruturar uma megaempresa de energia.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a Eletrobrás já foi a maior empresa do Brasil, superando até a Petrobrás. "Depois, ela foi ao chão e, com o governo Lula, retomamos a grandiosidade dela", disse o ministro à Agência Estado.
"O presidente tem toda a razão quando nos determina que transformemos a Eletrobrás numa grande empresa, uma holding capaz de atender às necessidades do povo brasileiro." Assim como fez nos consórcios que venceram os leilões das usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, a Eletrobrás não terá o controle da sociedade que administrará a usina no Xingu, que terá capacidade de produzir 11,2 mil megawatts (MW). "A participação em Belo Monte será de até 49,9%, não chegará a 50%", disse Lobão.
O processo de fortalecimento, reforçado pelo presidente Lula na entrevista publicada pelo Estado ontem, não se refere apenas a investimentos em usinas ou linhas de transmissão, mas também à imagem da companhia. Lobão anunciou que, no próximo mês, será lançada a nova logomarca da holding estatal. Além disso, o nome Eletrobrás passará a ser usado também pelas subsidiárias, numa tentativa de unificar o grupo.
CAPITALIZAÇÃO
O ministro confirmou que o governo estuda uma possível capitalização da Eletrobrás, conforme revelado pelo Estado em janeiro. A emissão de novas ações poderia levantar até R$ 14 bilhões. O ministro evitou entrar em detalhes sobre cifras, confirmando apenas que o estudo sobre a operação está sendo feito.
Os rumores de uma eventual capitalização da estatal ganharam força há algumas semanas, nas vésperas do anúncio do pagamento dos dividendos atrasados. Mas a Eletrobrás acabou optando em pagar R$ 10 bilhões com recursos do caixa, em quatro parcelas anuais até 2013.
Nos últimos dois anos, o governo tomou medidas para sanear as contas da estatal e para que a empresa possa ampliar seu leque de investimentos. Lobão lembrou que, em abril de 2008, a Eletrobrás garantiu o direito de formar parcerias para empreendimentos fora do País.
Outra fonte do governo relatou que o plano de fortalecimento da Eletrobrás recebeu o aval de Lula e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, há cerca de duas semanas. O programa prevê ações de curto prazo e metas para 20 anos. A marca central desse plano, segundo a fonte, é a intenção de transformar a Eletrobrás numa líder global na produção de energia limpa. Esse interlocutor do governo revela que, além de investir em hidrelétricas, a Eletrobrás vai apostar em fontes não emissoras de gás carbônico, como centrais de energia solar, eólica e termonucleares.