Título: Novo governador reúne equipe e congela contratos
Autor: Colon, Leandro ; Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2010, Nacional, p. A4

Wilson Lima manda suspender "todo e qualquer pagamento" para empresas envolvidas no escândalo

No papel de chefe de um governo que tenta viver dias rotineiros, o novo governador em exercício do Distrito Federal, Wilson Lima (PR), reuniu-se ontem com secretários e determinou a suspensão de contratos entre o governo e empresas citadas nas investigações da Operação Caixa de Pandora.

"Considerando o atual cenário político-administrativo, determino, em caráter preventivo, a suspensão de todo e qualquer pagamento relativo à execução de contratos firmados entre a administração direta e indireta do Distrito Federal e as empresas citadas no referido inquérito e já de conhecimento dessa pasta, até a conclusão das adequadas apurações", escreveu ele, em carta ao secretário de Fazenda, André Clemente.

Entre as empresas investigadas está a Notabilis Comunicação e Marketing. Ontem, o Estado revelou que a firma teve um contrato renovado por mais 12 meses, conforme aditivo publicado no Diário Oficial do DF na terça-feira. Um filho de Arruda, Marcos, foi sócio da Notabilis. Seu ex-assessor de imprensa Omézio Pontes também já fez parte do quadro societário.

Omézio deixou a assessoria de Arruda em novembro de 2009, após a revelação dos vídeos em que aparece recebendo mais de R$ 100 mil em dinheiro das mãos de Durval Barbosa, delator do esquema. Em nota, Paulo Octávio, que renunciou ao cargo de vice-governador na terça, afirmou que desconhecia a prorrogação desse contrato. A publicação no D.O. ocorreu quando ele ainda ocupava a função de governador interino.

Em encontro com a presidente do Tribunal de Contas do DF, Anilcéia Machado, o governador em exercício pediu "máxima prioridade" às auditorias nos contratos firmados. Iniciado há dois meses, o trabalho segue sem prazo para conclusão.

Um dos conselheiros, Domingos Lamoglia, acusado de envolvimento no esquema de corrupção, foi afastado. "Alguns contratos já tinham sido cancelados, outros reduzidos. Não são contratos que vão afetar a população", disse o secretário de Comunicação, André Duda.

Em um esforço para garantir a governabilidade, ao longo do dia Lima reuniu-se ainda com aliados, assessores e deputados. Pela manhã, encontrou-se com 19 secretários. Solicitou que a equipe fizesse relatórios de cada pasta, disse que pretende fazer uma transição tranquila e considerou inoportuna uma possível intervenção no DF. "Desejo manter durante essa interinidade a normalidade das ações administrativas e do caráter institucional e democrático do governo."

ORÇAMENTO

Em dezembro, a Câmara Legislativa aprovou o Orçamento de 2010 e destinou, ao menos, R$ 800 milhões a empresas citadas no inquérito do "mensalão do DEM".

Apesar das suspeitas, as empresas continuaram prestando serviços ao governo do DF. É o caso, por exemplo, da Unirepro, que tem contratos para oferecer equipamentos na área da saúde.

Uma diretora da empresa aparece em dois vídeos afirmando que pagava propina a integrantes do PPS, que comandavam a Secretaria de Saúde até o fim do ano passado. A Info Educacional surge em caso semelhante.

Empresas de informática, como a Linknet, também estão no inquérito. Empresários aparecem nos vídeos discutindo o pagamento de propina a políticos.