Título: Zapata era opositor radical
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2010, Internacional, p. A12

O preso político Orlando Zapata, que morreu aos 42 anos após 85 dias em greve de fome, era considerado pelo governo cubano um "mercenário" a serviço dos EUA que tinha como objetivo "arruinar" o regime da ilha. Zapata era pedreiro e foi preso em 2003 acusado de falta de respeito às autoridades.

O dissidente morava em Banes, 850 quilômetros a leste de Havana, e foi o primeiro preso político cubano a morrer na prisão em 38 anos. Solteiro e sem filhos, ele fazia parte do ilegal Movimento Alternativa Republicana.

Apesar de não ser uma das vozes mais conhecidas do movimento dissidente, a Anistia Internacional (AI) havia incluído seu nome na lista de presos de consciência - categoria na qual se encaixam pessoas que foram detidas por suas ideias sem ter recorrido à violência.

"Era um ativista radical de base de direitos humanos", afirmou o historiador opositor Manuel Cuesta Morúa. Quando foi preso em 2003, Zapata havia sido condenado a 3 anos de prisão. No entanto, segundo afirma a AI, a pena foi elevada a 25 anos e 6 meses por delitos como "desacato", "desordem pública" e "resistência".

"Por sua conduta radical na prisão, causas penais foram se acumulando e novos julgamentos foram realizados", disse o advogado René Gómez Manzano. De acordo com ele, Zapata rejeitava ser trocado pelos cinco cubanos presos nos EUA sob acusações de espionagem.

O dissidente começou a greve de fome em dezembro em uma prisão de segurança máxima na Província de Camaguey e ingeria apenas água.