Título: Centro atrasa pagamento de corretor do Enem
Autor: Alvarez, Luciana ; Stanisci, Carolina
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2010, Vida&, p. A18

Professores também reclamam de pouco treinamento para correção

Responsável pela contratação dos corretores da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) ainda não efetuou o pagamento de todos os convocados para a tarefa, realizada entre dezembro e janeiro.

Segundo a corretora A.G., que não se identificou pois assinou cláusula de sigilo, o prazo para recebimento era entre os dias 5 e 8 deste mês. Depois, foi informada de que teria sido prorrogado para o dia 12. O Cespe afirma que o agendamento para pagamento sempre foi no dia 12, mas admite "um erro de cálculo" relacionado ao volume de pagamentos, maior do que o imaginado, e disse que quem não recebeu deve ter errado ao registrar seus dados bancários.

"Cancelei aulas, larguei compromissos e li redações até no dia 25 de dezembro, mas até hoje não recebi. É injusto. Tentei me cadastrar várias vezes e gastei com ligações para Brasília", afirmou A.G., que corrige redações do Enem desde 2003. Ela diz que ao menos 35 professores de São Paulo também estão com pagamento atrasado.

A.G. reclamou ainda do valor pago por redação corrigida - R$ 1 - e do prazo. "Muitas vezes tinha vontade de reler a redação, mas não dava tempo." O processo de correção foi online, e os professores receberam as provas - de 100 a 200 por dia - por meio de um sistema.

Outra queixa de corretores foi o treinamento curto - alguns tiveram cursos que duraram apenas três horas. Outros sequer tiveram um encontro presencial antes do início do trabalho. O Cespe alega que isso não afetou a qualidade das correções, que foram monitoradas diariamente, com supervisores dando orientações a distância.

"São todos professores de língua portuguesa, não cabe a nós ensiná-los como corrigir", afirmou Luiz Mário Couto, coordenador de provas da Cespe.

Segundo Couto, como a equipe estava espalhada pelo País, só os 125 supervisores foram reunidos para uma formação. Os supervisores ficaram encarregados de passar as recomendações para os 3,3 mil corretores, que tiveram como treinamento a tarefa de atribuir nota a 30 redações-teste.

O Cespe informou que adotou nove critérios para monitorar a qualidade dos avaliadores. O mau desempenho levou ao afastamento de 150 profissionais - as redações que passaram por eles foram corrigidas novamente.