Título: Grécia deve cortar mais 2,5 bi
Autor: Schwartz, Nelson D.
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/02/2010, Economia, p. B2

Balanço da auditoria que ontem vazou à imprensa revela necessidade de mais aperto fiscal

No dia seguinte à greve geral que mobilizou dezenas de milhares de pessoas contra a política de rigor fiscal, em Atenas, na Grécia, a opinião pública foi informada que o governo precisará cortar ainda mais fundo seus gastos se quiser reduzir seu déficit em 4% em 2010, como prometido. O balanço foi antecipado por auditores da União Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) que estão fiscalizando as contas públicas do país nesta semana. Pela análise preliminar, mais ? 2,5 bilhões devem ser economizados para alcançar a meta.

A auditoria é a primeira desde que a economia do país passou à tutela da União Europeia, no início do mês. Segundo os dados apurados até aqui, e vazados à imprensa em Atenas ontem, os cortes previstos pelo governo do primeiro-ministro socialista George Papandreou só são suficientes para reduzir de 1,5% a 2% o déficit do país, quando a intenção original era diminuir o rombo em 4% ? de 12,7%.

A diferença deve exigir novo aperto nos gastos ? já muito criticado por sindicatos e pelo funcionalismo ?, segundo revelou à agência Reuters um executivo do Ministério das Finanças grego.

A expectativa é que esses ajustes, ainda em negociação, sejam anunciados na próxima semana, quando o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, visitará Atenas. Ontem, em Bruxelas, Rehn foi genérico ao comentar a razão de sua viagem, mas deixou clara sua preocupação com o impacto da crise grega. "Eu planejo ir à Grécia na semana que vem para discutir a situação econômica e fiscal e a estabilidade financeira futura da zona do euro."

PRESSÃO

Se não houver acordo entre o governo grego e os representantes da UE, do BCE e do FMI, a pressão dos demais 15 membros da zona do euro deve crescer até 16 de março, quando ocorrerá a próxima reunião do Ecofin, o grupo de ministros de Economia e Finanças dos países que adotam a moeda única.

Além dos auditores internacionais, também as agências de classificação de risco contribuíram nesta semana para agravar a preocupação em torno da solvência da Grécia. Na terça-feira, a Standard & Poor"s informou que estuda rebaixar o país em sua escala de confiabilidade.

A perspectiva provocou ainda mais incerteza no mercado financeiro sobre as condições do país de superar a crise de confiança gerada pela explosão do déficit fiscal. Nas principais bolsas de valores da Europa ? Paris, Londres e Frankfurt ?, os índices CAC40, Footsie e Dax caíam ontem entre 1,2% e 2% no fim dos pregões.