Título: Coordenador da campanha de Dilma atuou no mensalão do PT, diz revista
Autor: Azevedo, Lucas ; Almeida, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2010, Nacional, p. A8

Segundo ''IstoÉ'', Pimentel estaria por trás de remessas ao exterior oriundas de contrato superfaturado em BH

Reportagem divulgada pela revista IstoÉ desta semana vincula recursos de origem estatal ao mensalão do PT e afirma que o nome do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel consta do processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o caso.

Integrante da coordenação da campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, Pimentel, diz a revista, estaria por trás de repasses de recursos ao exterior, supostamente oriundos de um contrato superfaturado firmado na época em que era prefeito da capital mineira. O dinheiro teria como destino final as contas do publicitário Duda Mendonça.

A revista teve acesso a 69 mil páginas do processo do mensalão no STF. Diz que foi anexado à peça um inquérito da Justiça Federal em Minas Gerais, sobre contrato com a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) para a instalação de câmeras nas ruas na capital mineira. O elo entre Pimentel e o mensalão seria o diretor da CDL na época, Glauco Diniz Duarte.

Com contador Alexandre Vianna de Aguilar, ele seria autor de remessas ao exterior que teriam alimentado contas de Duda Mendonça. O publicitário admitiu, em 2005, que recebia pagamentos do PT no exterior, onde mantinha a offshore Dusseldorf Company.

REAÇÃO

Assim que a revista chegou às bancas, petistas reagiram às denúncias. Antes de ler a reportagem completa, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, já declarava: "Confio plenamente no Pimentel." A CDL também alegou, em nota, que o convênio foi celebrado "de forma regular a preço de mercado".

Em San Salvador, auxiliares que acompanhavam a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva procuravam demonstrar despreocupação. Do lado oposicionista, dirigentes já falavam em levar o assunto para a campanha presidencial do governador José Serra (PSDB).

"Essa denúncia chega a uma pessoa muito próxima e certamente abala a estrutura de campanha da Dilma", disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). "Esse episódio do mensalão nunca foi concluído e essa denúncia exige mais investigações", argumentou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). A senadora Marina Silva (PV-AC), pré-candidata ao Planalto, disse que o caso revela um "esqueleto no armário".

A IstoÉ afirma ainda que o dinheiro do caixa 2 do PT pagou também "dívidas históricas" que estaria relacionadas à realização do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS). A conclusão saiu do depoimento do contador David Stival, membro da Executiva do PT no Rio Grande do Sul, que admitiu ter recebido do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares uma mala contendo R$ 1 milhão em dinheiro vivo. Ontem, Stival disse que o dinheiro pagou "dívidas que o partido fez no fórum, como pagamento de hotéis, carros e som, e não dívidas do evento".

A revista fala também sobre a suposta relação do Banco do Brasil com o esquema. Afirma que teria ocorrido um desvio de R$ 60 milhões em verbas de publicidade . O valor seria referente a uma campanha contratada e nunca realizada pela DNA Propaganda, agencia do empresário e operador do mensalão, Marcos Valério.