Título: Marina critica condução de política externa brasileira
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2010, Internacional, p. A20

A pré-candidata do PV à Presidência da República, senadora Marina Silva, criticou a política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente, em relação a Cuba, Irã e Venezuela. Para ela, Lula erra por sua "omissão e silêncio" em relação à repressão de Cuba aos adversários do regime.

"A liberdade, os direitos humanos, a liberdade de expressão temos de defender como um princípio, um valor. No caso de Cuba, essas liberdades estão sendo cerceadas e começam a criar constrangimento até mesmo para os aliados do país. Aqueles que silenciam não estão ajudando a fazer com que Cuba possa avançar", afirmou a senadora.

"Se tudo isso é importante para o Brasil e os brasileiros, por que não é também para os cubanos?", questionou Marina (mais informações sobre Cuba na página A24). Durante viagem a Cuba, nesta semana, Lula não tocou no tema da violação dos direitos humanos.

VENEZUELA

No caso da Venezuela, Marina chamou atenção para o perigo da "subtração da liberdade". Entre outras medidas, o presidente Hugo Chávez tem censurado emissoras de rádio e TV que fazem oposição ao governo. "No caso da América Latina, a Venezuela tem uma ênfase plebiscitária que pode pôr em risco a alternância de poder. Não podemos, em hipótese alguma, compactuar com a subtração da liberdade, do direito de expressão, da livre forma de pensamento", alertou.

A senadora também criticou a posição do Brasil em relação ao Irã, que recentemente anunciou ter capacidade para enriquecer urânio a 80%, embora no momento não se interesse em chegar a esse nível, que se aproximaria do necessário para o desenvolvimento de uma bomba atômica.

"Existe um risco. O Brasil é o país ocidental que destoa dos demais. O princípio da não ingerência não significa que não tenhamos posição cuidadosa em relação ao que todos começam a ver como um risco." A senadora lembrou também que, no Irã, "existem presos políticos, pessoas sendo torturadas".