Título: Ensino na 4ª e 8ª série melhora; médio piora
Autor: Mazzitelli, Fábio ; Iwasso, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2010, Vida&, p. A29

É o que mostra avaliação feita com alunos da rede estadual de São Paulo

O desempenho dos estudantes da rede estadual de São Paulo melhorou no ensino fundamental em língua portuguesa e matemática entre 2008 e 2009. No entanto, no ensino médio houve pequeno aumento em língua portuguesa e uma queda mais acentuada em matemática.

No ano passado, mais de 58% dos estudantes terminaram seus estudos sem terem adquirido os conhecimentos mínimos esperados para a disciplina.

Isso quer dizer que, em média, os estudantes paulistas concluíram a educação básica conhecendo as operações básicas de soma, subtração, adição e multiplicação. Porém, eles não resolvem problemas envolvendo informações apresentadas em gráficos ou tabelas e contas com porcentagem. Também não interpretam uma pesquisa organizada em colunas e linhas.

Em uma escala de pontuação que vai de 125 até acima de 500, na qual cada intervalo de 25 pontos representa um conjunto de conhecimentos e habilidades, eles obtiveram a média 269 em matemática em 2009. Em 2008, o índice foi de 273.

Os dados são do Saresp, avaliação aplicada anualmente pela Secretaria Estadual da Educação aos alunos da 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. Os dados foram divulgados ontem e serão usados também para compor o índice que dá bônus salarial aos professores e funcionários da rede, que neste ano será ampliado para um universo maior de docentes.

Na avaliação do secretário estadual da Educação, Paulo Renato Souza, há uma tendência, mesmo que lenta, de melhora no desempenho dos estudantes nos anos iniciais, a partir de um trabalho reforçado nos primeiros anos da alfabetização. A ação inclui a elaboração de um material didático do professor e do aluno, similar a uma apostila, para todas as séries - medida criticada pelo sindicato dos professores e polêmica por erros em sua primeira edição.

"O fato de termos aumentos mais importantes nas séries iniciais nos permite afirmar que estamos melhorando. Esses são os alunos que mais tarde estarão no ensino médio", disse. Porém, no ensino médio, e principalmente em matemática, o secretário reconhece as dificuldades em melhorar o aprendizado e atribui o baixo nível de conhecimento dos estudantes à falta de qualificação dos professores da disciplina.

CURSO

"O desafio é a formação dos professores, mas não significa que a culpa seja deles. A formação na universidade se distanciou da prática", diz Souza. "Os professores conhecem pouco a disciplina (matemática)." Por causa disso, o secretário diz que começará em 19 de março um curso de reforço de 240 horas para os cerca de 35 mil professores de matemática da rede.

A secretaria oferecerá parte do conteúdo a distância, e a outra parte será presencial. Ele foi organizado pela Escola de Formação criada pela secretaria, com material organizado por professores das universidades estaduais do Estado. Os professores, no entanto, não serão obrigados a participar do curso, que será voluntário.

IDESP

Com base nos dados do Saresp, a secretaria calculou o Idesp, índice que leva em conta as notas dos alunos na avaliação e a quantidade de estudantes na série correta para a sua idade. É calculado um Idesp geral para cada série e também um para cada escola, que tem uma meta a cumprir. Na escola onde as metas são cumpridas, os professores recebem um bônus que chega a 2,5 salários.

Neste ano, o Idesp de cada série também subiu no ensino fundamental. No médio, houve pequena queda. Mesmo assim, numa escala de 1 a 10, o Idesp não chegou a 4 em nenhum nível.

Para a educadora Silvia Colello, da Faculdade de Educação da USP, os resultados são importantes. "É significativo e isso se deve, em parte, às iniciativas feitas principalmente em relação à capacitação de professores", analisa. "Houve uma melhora no desempenho, mas aquém dos nossos sonhos. Mas essa melhora aponta que é possível mudar com investimentos na escola."