Título: Preços do etanol e da gasolina começam a cair
Autor: Magossi, Eduardo ; Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2010, Economia, p. B7

Na média nacional, gasolina está 0,3% mais barata, já o etanol registrou queda de 0,4% no preço

Os preços da gasolina e do etanol finalmente começaram a responder às medidas tomadas pelo governo durante o mês e registraram pequena queda esta semana, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Na média nacional, o preço da gasolina caiu 0,3%, para R$ 2,603 por litro. Já o preço do etanol combustível teve queda de 0,4%, para R$ 1,982 por litro. Os dois produtos mantiveram-se estáveis por duas semanas, mesmo após a redução do porcentual de etanol na gasolina e dos impostos cobrados sobre o derivado do petróleo.

Em São Paulo, a queda foi ainda maior: 1,4% para a gasolina e 2,1% no caso do etanol hidratado. De acordo com a ANP, a primeira teve um preço médio no Estado de R$ 2,487 por litro; o segundo foi vendido, em média, a R$ 1,806 por litro. Ainda assim, o consumidor paulista deve optar pela gasolina na hora de abastecer o tanque, uma vez que o litro do etanol equivale a 72% do valor de venda do concorrente - o limite estabelecido por especialistas é 70%.

No total, o preço do etanol recuou em 13 estados e no Distrito Federal. No Acre e no Amazonas, os preços ficaram estáveis no período analisado. As cotações subiram em onze estados. As maiores altas foram registradas em Alagoas (+3,16%), Rio Grande do Norte (+2,11%) e Bahia (+1,87%). Os dados da ANP indicam que o etanol só é competitivo com relação à gasolina em dois Estados: Mato Grosso e Goiás. O primeiro teve o menor preço do etanol durante a semana, de R$ 1,44 por litro.

Embora ainda não represente o repasse de toda a queda do preço do etanol hidratado nas usinas de São Paulo - que acumula 8,6% nas últimas quatro semanas - a redução no preço dos principais combustíveis automotivos nas bombas é uma resposta às mudanças promovidas pelo governo durante o mês. Logo no início de fevereiro, foi reduzido o porcentual de etanol na gasolina. Uma semana depois, o imposto federal sobre o derivado de petróleo também foi cortado, para evitar o aumento no preço.

Para representantes dos postos e distribuidoras, o consumidor tem papel fundamental nesse movimento, ao optar por abastecer o tanque com gasolina ao invés de etanol, contribuindo para melhorar a relação entre oferta e demanda do derivado da cana-de-açúcar. Havia, no setor, a sensação de que os estoques de etanol não seriam suficientes, caso o ritmo de consumo se mantivesse. Em 2009, as vendas de etanol hidratado cresceram 16%.

"Com o encerramento do período de moagem da safra 2009/10, muitas usinas consultadas pelo Cepea finalizaram o ano praticamente sem estoque. Já outras unidades procuraram se organizar para o cumprimento de contratos com compradores domésticos. Em casos mais extremos, algumas unidades chegaram a renegociar contratos, postergando entregas", comentaram os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, em seu relatório mensal sobre o mercado de açúcar e álcool de janeiro. A expectativa é que a situação comece a mudar no final de março.