Título: Fundos de estatais têm 44% do patrimônio
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2010, Economia, p. B3
Previ (BB), Funcef (Caixa) e Petros (Petrobrás) são os maiores do setor
Os três maiores fundos de pensão do Brasil - Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Petros (Petrobrás) - têm quase metade (44%) do patrimônio do setor. Isso significa uma bolada de R$ 214 bilhões ou 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Na avaliação de alguns especialistas, o arsenal de dinheiro dessas instituições dá um poder extraordinário ao governo federal, que poderia tentar direcionar os recursos para investimentos estratégicos.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Nelson Chalfun lembra que a história dos fundos, tanto no Brasil quanto no exterior, está cheia de exemplos em que houve interferência do patrocinador (no caso, as estatais).
Ele avalia que, quando há aquisição de ativos ou mesmo a participação na construção da infraestrutura sem considerar os riscos envolvidos, com base apenas em interesses políticos, há grande possibilidade de prejuízo do fundo. A grande crítica do mercado é que, nesses casos, além dos patrocinadores, os fundos são representados por sindicatos.
Os fundos negam interferência do governo nas decisões de investimentos. Dizem que apenas aplicam em empresas e projetos que possam dar retorno no longo prazo, sem prejudicar o beneficiário. Na avaliação de Luiz Guilherme Piva, economista da LCA Consultores, a única forma de evitar "a tentação que os governos têm de exercer ingerência nos fundos" é uma legislação forte .
Para ele, sempre haverá indicações e sugestões por parte do governo. "O que não pode é impor, influenciar ou direcionar formas de investimento", destaca. Os especialistas avaliam que a legislação do setor vem evoluindo no sentido de reduzir as interferências dos patrocinadores nos investimentos. "Mas ainda se corre o risco de ingerência, especialmente para salvar um empreendimento ou para obter vantagens nessas decisões", completa Chalfun.
Apesar disso, o economista defende o crescimento dos fundos no Brasil. "Os fundos são importantes no financiamento da infraestrutura brasileira, como aeroportos, ferrovias e rodovias, que demandam grandes volumes de recursos para ser realizados."