Título: Se disputar em SP, Ciro terá menos tempo na TV
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2010, Nacional, p. A12
Propaganda de candidato do PSDB será mais extensa
Mesmo com o reforço dos oito partidos que lhe prometem apoio, o ex-ministro Ciro Gomes (PSB) ficará em desvantagem na divisão do tempo da propaganda gratuita de rádio e TV caso decida concorrer ao governo de São Paulo.
Uma eventual aliança entre PSB, PT, PDT, PC do B, PTC, PRB, PSC e PT do B teria entre 25% e 30% do tempo destinado aos candidatos a governador. Geraldo Alckmin, o mais cotado para concorrer entre os tucanos, teria de 40% a 45% da propaganda em uma provável coligação com PMDB, DEM, PPS e PTB.
Haverá dois blocos de 18 minutos para a campanha estadual, três vezes por semana. Em cada bloco, Ciro teria entre quatro minutos e meio e cinco minutos e meio, e o candidato tucano, algo entre sete e oito minutos. O cálculo exato só poderá ser feito quando houver definição de quantos partidos "nanicos" lançarão candidatos.
Para o consultor político Gaudêncio Torquato, o tempo de Ciro, apesar de mais curto, lhe daria "condições competitivas do ponto de vista da visibilidade".
"O maior problema de Ciro é a falta de controle sobre a própria língua", disse Torquato, em referência ao tom contundente com que o ex-ministro da Integração Nacional costuma se manifestar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e parte do PT pressionam Ciro a concorrer em São Paulo, mas ele reluta em admitir essa possibilidade. Na quarta-feira, em reunião com dirigentes do PSB e outras oito siglas, considerou a possibilidade "remota", mas não a descartou. "De repente, o projeto nacional que o presidente Lula representa precisará que, mesmo como uma engrenagem modesta, eu aceite esse desafio. Nesse caso, a serviço do Brasil, a serviço dessa fração de São Paulo, eu não titubearia em ir."
ESTRATÉGIAS
Caso decida concorrer ao governo, Ciro, que transferiu seu domicílio eleitoral há menos de cinco meses, poderá enfrentar resistências por ter feito carreira política no Ceará, analisa Torquato. "De nada adiantará dizer que nasceu em Pindamonhangaba se não souber onde fica a Mooca ou o Brás."
Para o consultor, em uma disputa entre Ciro e Alckmin, o primeiro deve buscar "federalizar" a campanha para disfarçar a eventual falta de familiaridade com problemas do Estado. Em outras palavras, deve dar destaque à figura de Lula e se apresentar como representante de seu projeto. Já o tucano, que já governou São Paulo e integra a gestão José Serra, tende a puxar o debate para o campo local.