Título: Tremor é sentido em bairrosde São Paulo
Autor: Amêndola, Gilberto ; França, Valéria
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2010, Internacional, p. A18

Paulistanos acordaram com estalos nas janelas e lustres balançando; bombeiros receberam cerca de 100 ligações

Eram 3h45 quando os telefones do Centro de Operações do Corpo de Bombeiros de São Paulo (Cobom) começaram a tocar. Do outro lado da linha, paulistanos que foram acordados com o barulho de estalos nas janelas, de lustres balançando e até mesmo com o tremor de móveis. Os funcionários da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, que trabalhavam nessa hora, também ligaram. Assustados, esperaram a chegada dos bombeiros no térreo do edifício, localizado na Rua Brigadeiro Tobias, no centro da capital.

O pequeno terremoto que os paulistanos sentiram foi reflexo do abalo sísmico ocorrido ontem na região central do Chile e que atingiu 8,8 graus na escala Richter. Ontem, o Corpo de Bombeiros recebeu cerca de 100 chamados de moradores de diversos bairros da cidade, como Campo Belo e Ibirapuera, na zona sul, Mooca e Tatuapé, na zona leste, da região da Avenida Paulista e do centro.

Apesar de não ter causado danos, os paulistanos ficaram assustados. "Entre 2 e 3 horas, os vidros das janelas começaram a sacudir, como se estivessem fazendo pressão. Mas não foi tão forte como da última vez", diz o advogado Willian Wayrles, de 23 anos, morador do 11º andar de um prédio da Avenida Paulista, referindo-se ao tremor de 2007, também no Chile, mas na região Norte. Naquela época, os telefones da Defesa Civil ficaram congestionados, porque o abalo aconteceu no horário do almoço.

"Só não recebemos mais ligações porque as pessoas estavam dormindo", diz Jean Carlos de Araújo Leite, Chefe de Operações do Cobom. "Algumas pessoas se sentiram mal, reclamaram de náuseas provocadas pela oscilação." A maioria dos chamados, no entanto, foi resolvida pelo telefone. "Não havia registro de rachaduras ou qualquer outra ameaça grave que justificasse o deslocamento dos bombeiros."

A única ocorrência que preocupou os bombeiros foi o chamado dos funcionários do DHPP. Ali também não aconteceu nada. "Fui acordado às 4 horas, mas a Defesa Civil não precisou entrar em ação", diz o coronel Jair Paca de Lima, da Defesa Civil.

"Outras partes do País sentiram as consequências do terremoto chileno", diz George Sand França, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB). "Entre eles, Porto Alegre, Curitiba e Brasília." Os técnicos ainda não sabem qual a intensidade com que o tremor atingiu o Brasil.