Título: Minha Vida com direito a piscinas e salão de festas
Autor: Pacheco, Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2010, Economia, p. B9

Em Cajamar (SP), lançamento popular ganha ares sofisticados

Enquanto muitas construtoras e incorporadoras ainda reclamam da dificuldade de formular projetos que se enquadrem na planilha de custos do Minha Casa, Minha Vida, algumas estão atrás de ganhos de escala para pegar carona no programa federal e ampliar os ganhos ao oferecer diferenciais.

Esse é o caso da Construtora Brookfield, dona do maior projeto do Minha Casa no País, com cerca de 3 mil unidades habitacionais, voltado para a faixa de renda entre três e seis salários mínimos. Localizado em Cajamar, na Grande São Paulo, a 29 quilômetros do centro da capital paulista, o empreendimento, que contará, ao todo, com 20 edifícios, teve a segunda fase lançada ontem.

Diferentemente da imagem que se tem de moradia popular, com prédios sem elevador e aparência acanhada, no projeto de Cajamar não houve economia nos opcionais.

Quem conseguir aprovação no financiamento e assinar contrato vai ter direito a piscina, playground, salão de festas, quadra, churrasqueira, guarita com porteiro e garagem. O terreno tem 104 mil metros quadrados.

Os condôminos poderão aproveitar um espaço verde na vizinhança de dar inveja a quem mora nos grandes centros. A mata ao lado do condomínio tem 305 mil metros quadrados e é uma área de preservação ambiental, ou seja, não pode ser derrubada para dar espaço a outro empreendimento. O projeto é de Roberto Candusso, arquiteto conhecido por alguns dos projetos mais luxuosos da cidade (leia mais ao lado).

Os apartamentos custam, respectivamente, R$ 79,5 mil (39 m²) e R$ 99,5 mil (45 m²).

A renda familiar não pode passar de R$ 1.250 e a prestação é de R$ 375, com financiamento de 25 anos e prestações com valor decrescente. O subsídio dado pelo programa habitacional é de até R$ 23 mil, de acordo com a renda do mutuário.

A primeira etapa do projeto foi lançada em setembro do ano passado, com 1.584 unidades, e a previsão é que sejam entregues no segundo semestre do próximo ano.

José de Albuquerque, diretor de Incorporação da Brookfield, calcula que o condomínio deverá custar entre R$ 50 e R$ 100, valor que pode representar uma despesa alta no orçamento da baixa renda. "Deu mais trabalho do que os empreendimentos que costumamos fazer; foi um grande desafio", diz o executivo.

O terreno em Cajamar já fazia parte da carteira da Brookfield antes do lançamento do Minha Casa. Assim que o governo confirmou que teria um programa de estímulo à habitação popular, o projeto foi adaptado e apresentado à Caixa para aprovação. A baixa renda responde hoje por 18% da carteira da empresa.