Título: Marina minimiza crescimento de Dilma em pesquisa
Autor: Almeida, Roberto ; Junqueira, Alfredo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/03/2010, Nacional, p. A12

Pré-candidata do PV também critica utilização da máquina do Estado em favor da ministra da Casa Civil

Depois de uma maratona de entrevistas em programas de TV, a fim de consolidar sua imagem de candidata à Presidência, a senadora Marina Silva (PV) partiu para extensa agenda no Rio de Janeiro, que começou ontem e vai até domingo, incluindo um evento partidário marcado para amanhã. Pouco antes de seu primeiro evento, um debate sobre o setor energético, ela desdenhou dos índices apresentados pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), nas pesquisas à Presidência da República.

Para Marina, o crescimento da petista ocorreu pelo esforço de quase três anos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para construir a candidatura dela. Na última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 28, Dilma aparecia com 28% das intenções de voto, apenas quatro pontos porcentuais atrás do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que tinha 32%. Marina ficou com 8%, de acordo com o instituto.

"Acho que tem um esforço do presidente Lula de quase três anos. Acho que para sair de 1% para 5%, 6%, 7%, 8% demorou bastante tempo. Quase três anos", disse a senadora. "Então é um processo. Não se pode olhar para as pesquisas como se fosse algo estabelecido. As pesquisas mostram um momento ali da intenção manifesta do eleitor, mas ainda temos muita água para rolar debaixo dessa ponte", afirmou a senadora.

Marina também criticou a utilização da máquina do Estado nesse período de pré-campanha. Para ela, há uma forte sinalização de que esse tipo de prática está ocorrendo.

Ela afirmou que não faria uso das estruturas do Estado para sua campanha, caso o PV estivesse no comando do governo, embora tenha reconhecido que há uma zona cinzenta e uma dificuldade em se fazer a separação entre a atividade de gestor público e a de político em campanha. "Aí, o cuidado deve ser redobrado para que a lei seja observada e para que não haja nenhum desequilíbrio em termos de equidade no processo de disputa. Acho que isso, em muitos momentos, fica claramente quebrado."

AGENDA

Marina cumprirá extensa agenda de compromissos políticos até domingo. Hoje, ela se encontra com Aparecida Panisset (PDT), prefeita de São Gonçalo - segundo maior colégio eleitoral do Estado do Rio. Depois, será homenageada por vereadores na Câmara Municipal de Niterói. Amanhã, ela encontra pré-candidatos no Rio para "animar" a perspectiva verde.

De acordo com o vereador carioca e vice-presidente do PV, Alfredo Sirkis, a reunião terá "um pouco de pajelança". O objetivo é que a senadora, neófita no PV, conheça seus colegas fluminenses - de 130 a 140 postulantes, segundo cálculos dos verdes - e tenha suas ideias e estratégias reconhecidas pelos pré-candidatos.

Com o encontro, Marina consolida o palanque mais forte que tem no País. O PV do Rio já conta com o deputado Fernando Gabeira, pré-candidato ao governo do Estado, e com a vereadora Aspásia Camargo, que concorrerá ao Senado.

Por outro lado, em outros grandes colégios eleitorais, como Minas Gerais e Paraná, as composições continuam indefinidas. Em Minas, setores do PV estão reticentes quanto ao lançamento de uma candidatura própria ao governo do Estado, possivelmente de José Fernando Aparecido de Oliveira - filho de José Aparecido de Oliveira, ministro da Cultura de Sarney.

No Paraná, segundo Sirkis, o partido ainda busca um nome que seja reconhecido pela sociedade. Só assim garantiria um palanque para Marina no Estado, preocupação constante da pré-candidata.

No domingo e último dia de périplo fluminense, Marina terá um encontro com militares no Forte de Copacabana, onde debaterá questões de defesa nacional. Marina tem diversas viagens marcadas até o fim do mês. Segundo Sirkis, ela visitará Minas, cidades do interior de São Paulo e o Nordeste.