Título: Gustavo Loyola prevê alta da taxa Selic até abril
Autor: Silva, Maria Regina
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/03/2010, Economia, p. B6

A aceleração mais intensa do que a prevista da inflação neste começo de ano deve fazer com que o Banco Central (BC) inicie o processo de alta da taxa Selic até abril, segundo avaliação de Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio-diretor da Tendências Consultoria, em entrevista à AE TV, da Agência Estado. "As expectativas para os preços estão se deteriorando. Isso porque a inflação corrente está piorando e o Banco Central terá de agir já em março ou, no mais tardar, em abril", disse.

"O BC começa subindo os juros em 50 pontos (0,5 ponto porcentual) e continua por alguns meses, até chegar a 300 pontos", explica. Ou seja, a Selic chega a 11,75% no fim do ano.

Sobre a decisão do BC de recolher 70% dos quase R$ 100 bilhões dos depósitos compulsórios dos bancos liberados no fim de 2008 para combater a crise financeira, Loyola vê um sinal de mudança na política monetária. "É mais um sinal de que a política monetária passa a ser mais restritiva, em função da demanda, que está mais forte, e também das expectativas de inflação", avalia.

Para ele, a medida deve encarecer o crédito e reduzir a oferta, "que é o efeito pretendido pelo BC". Quanto ao efeito da decisão sobre os spreads bancários, Loyola espera queda na demanda. "O problema é que no Brasil os spreads bancários são muito elevados, em função dos próprios compulsórios, que têm taxas bem acima de outras partes do mundo. Além disso, tem a cobrança de impostos sobre a intermediação financeira, tornando o crédito caro. Percebo que, neste momento, o BC está mais preocupado com o crescimento do crédito." MARIA REGINA SILVA