Título: Em São Paulo, Hillary diz que OEA do B não é ameaça
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2010, Internacional, p. A18

Em um debate em São Paulo, a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, negou que a associação criada pelos países latino-americanos para ser uma OEA (Organização dos Estados Americanos) sem os EUA seja vista por Washington como uma ameaça. Questionada sobre a entidade ? a Comunidade de Estados da América Latina e Caribe (ou "OEA do B") ? Hillary riu. "Não vemos como ameaça nenhuma tentativa de cooperação", disse.

A agenda de Hillary em São Paulo restringiu-se a um debate com alunos e professores da Universidade Zumbi dos Palmares e um encontro com executivos de empresas americanas, no mesmo local. Hillary pousou às 18h30 na Base Aérea de Guarulhos e atrasou para chegar na universidade por causa do trânsito. Tudo o que viu da cidade foi a Marginal Tietê.

Na universidade, a única do país voltada para negros, Hillary foi recebida por centenas de pessoas. A escolha da instituição deveu-se ao fato de que Washington queria enfatizar sua disposição em colaborar com o Brasil em temas relacionados a inclusão social e a promoção da diversidade. "Os dois países têm muito a aprender um com o outro nessas áreas", disse ao Estado Benjamin Chiang, adido de imprensa do consulado. Mas as divergências com relação ao Irã acabaram ofuscando o restante da agenda.

No debate, Hillary foi questionada sobre se os EUA apoiariam as pretensões do Brasil a uma cadeira no Conselho de Segurança (CS) da ONU. Ela deu uma resposta evasiva, mas aproveitou para enfatizar a necessidade de coesão no CS justamente para aprovar as sanções a Teerã.

A questão das cotas em universidades públicas, como era de se esperar, foi levantada, num momento em que o Supremo Tribunal Federal debate a legalidade da medida. Hillary defendeu as ações afirmativas, mas disse também ser preciso apoiar os estudantes após o ingresso nas universidades.