Título: Deputado da oração da propina renuncia
Autor: Pires, Carol
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2010, Nacional, p. A10
Depois de Paulo Octávio e Leonardo Prudente, Júnior Brunelli é o terceiro político do DF a abandonar o cargo desde que Arruda foi preso
Condutor da "oração da propina", o deputado distrital Júnior Brunelli (PSC) renunciou ontem ao mandato para não ser cassado. Desde o último dia 11, quando o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem-partido, ex-DEM), foi preso, já abandonaram seus mandatos o vice-governador Paulo Octávio (sem partido, ex-DEM) e o ex-presidente da Câmara Legislativa Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM).
Por terem renunciado, os processos por quebra de decoro parlamentar contra Brunelli e Prudente foram extintos. A deputada Eurides Brito (DEM) anunciou ontem que responderá à ação no cargo. Ao final do processo, pode ter o mandato cassado e a inelegibilidade decretada.
Prudente, Brunelli e Eurides Brito são símbolos da crise política em Brasília. Filmado com autorização judicial, Brunelli é protagonista de um vídeo no qual reza ao lado de Prudente pela vida de Durval Barbosa, ex-operador do esquema e hoje principal testemunha da investigação. A gravação foi apelidada de "oração da propina".
Na carta-renúncia, Brunelli afirma que as imagens foram "montadas e manipuladas ao sabor da conveniência dos poderosos de ocasião". "Jesus Cristo perdoou Maria Madalena, tida como pecadora e adúltera. Assim, aquela oração não visava bens materiais, mas o reconforto de uma alma em conflito e angustiada pelos diversos problemas pessoais que enfrentava naquele momento", explicou.
O suplente de Brunelli é Geraldo Naves (DEM), preso pela Polícia Federal por tentativa de suborno a uma testemunha do "mensalão do DEM", como ficou conhecido o caso de distribuição de propina no governo do DF.
Prudente também protagoniza vídeo no qual guarda maços de dinheiro até nas meias. Em outro vídeo, Eurides coloca dinheiro na bolsa. Ontem, ela causou polêmica ao dizer que se tratava de ressarcimento de festas que fez na campanha de Joaquim Roriz, ex-governador do DF, ao Senado. A assessoria de Roriz classificou a versão de "fantasiosa". "Ele não deve ter falado isso porque é uma palavra muito complexa para ele", respondeu Eurides.