Título: Piñera volta a demonstrar divergências com Bachelet
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2010, Internacional, p. A14

A uma semana de assumir o poder no Chile, o presidente eleito, Sebastián Piñera, voltou a enfatizar suas diferenças com o governo de Michelle Bachelet. O direitista - que havia criticado a suposta omissão de Bachelet diante da onda de saques - disse ontem que ampliará a zona de emergência para outras províncias "de forma que as soluções em matéria de ordem pública, água e eletricidade sejam mais rápidas e efetivas".

Piñera fez a declaração ao lado da secretária americana de Estado, Hillary Clinton, que visitou ontem Santiago (mais informações na página A17).

No domingo, o presidente eleito exigiu de Bachelet que colocasse o Exército nas ruas das cidades arrasadas pelo tremor de 8,8 graus na escala Richter. "Estão permitindo a proliferação de um ambiente propício para roubos, vandalismo e delinquência, o que está agravando as consequências do terremoto", protestou Piñera.

Horas depois, porém, ele encontrou-se com Bachelet e amenizou o tom de sua retórica, pedindo "união nacional" para superar a tragédia.

PREJUÍZO

Piñera admitiu ontem que a dimensão da catástrofe no sul do Chile o obriga a rever as prioridades de seu governo. O líder, que toma posse na quinta-feira, anunciou que lançará um documento intitulado "Avancemos, Chile" no qual delineará suas principais políticas para reverter o estrago do terremoto na economia. Estima-se que os danos provocados pelo sismo equivaleriam a entre 10% e 15% do PIB chileno.

"Restabelecer a ordem pública é uma necessidade urgente e imperativa", voltou a afirmar Piñera ontem. "E, para isso, é preciso usar todos os meios que estiverem à disposição."