Título: Mantega faz apelo por juro baixo
Autor: Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2010, Economia, p. B4
Resultado do Banco do Brasil derruba mito, diz ministro
Diante de uma plateia de administradores do Banco do Brasil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez ontem um apelo pela redução das taxas de juros no País. Depois de tecer elogios ao balanço financeiro divulgado pela instituição, o ministro arrematou: "Um mito que se derrubou aqui é o de que se ganha mais com os juros altos". De acordo com o ministro, a lógica de "cobrar menos por produto e vender uma quantidade maior" deveria se aplicar a todos os setores da economia.
Hoje, disse Mantega, o Brasil já começa a se recuperar da crise econômica que eclodiu no fim de 2008 e se aproxima de taxas de crescimento superiores a 5%. "Alguns dizem que vamos crescer este ano 5,5%, 6%. Oxalá isso se verifique", torceu o ministro, argumentando que o mercado consumidor no Brasil vem ganhando força, principalmente por causa da inclusão social e acesso maior da população aos serviços bancários.
"Claro que, para viabilizar esse ciclo produtivo, esse crescimento forte da economia brasileira, é preciso que o crédito continue aumentando e as taxas de crédito continuem caindo", reforçou Mantega. "Se nós caminhamos um longo percurso durante 2009 e conseguimos fazer uma redução expressiva, ainda as taxas de juros estão longe de ter alcançado seu patamar ideal", reforçou.
BOM HUMOR
Apesar dos apelos, Mantega fez um discurso bem humorado aos administradores do Banco do Brasil. No momento em que elogiava os resultados financeiros da instituição, o ministro foi surpreendido com a queda de uma lâmpada que iluminava o palco do evento, organizado em um centro de exposições na zona sul da capital paulista. "É a emoção das lâmpadas diante dos números que estamos apresentando", brincou o ministro, que arrancou risos da plateia.
Na mesma linha que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que discursou pouco depois, Mantega afirmou que o Banco do Brasil exerceu um papel de destaque no combate à crise financeira internacional. Também saiu em defesa dos servidores. "Mostramos na prática que os servidores do Banco do Brasil são tão ou mais eficientes do que os trabalhadores do setor privado", afirmou. "Mas não vão usar isso como pretexto para pedir aumento", acrescentou, em mais uma brincadeira.
Ainda com base no desempenho financeiro do banco estatal, Mantega aproveitou para mandar um recado aos críticos da estratégia do governo diante da crise. "Caíram do burro, quebraram a cara", afirmou, levando em consideração o fato de ativos do BB terem subido em 2009 para cerca de R$ 708 bilhões, enquanto seu principal concorrente teve seus ativos reduzidos para R$ 608 bilhões. C.O., L.P. e A.C.