Título: Partido busca executivo para campanha
Autor: Macedo, Fausto ; Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2010, Nacional, p. A4

Cúpula petista quer nome fora do meio político para assumir as finanças

Empenhado em amenizar o estrago do caso Bancoop na candidaturapresidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, setoresdo PT cogitam contratar um "executivo" para comandar as finanças dacampanha. A ideia, defendida por alguns membros da cúpula petista, ébuscar um nome fora do meio político, talvez um empresário ourepresentante do setor financeiro. Segundo defensores da proposta, estaseria uma forma de evitar que acusações como as lançadas peloMinistério Público Estadual sobre o novo tesoureiro do PT, João VaccariNeto, contaminem o projeto eleitoral de Dilma.

O PT já propõe háalgum tempo que o tesoureiro do partido não acumule as contas dacampanha. Mas, depois que o caso Bancoop voltou à tona, no último fimde semana, dirigentes da sigla procuraram afastar qualquerpossibilidade de Vaccari exercer as duas funções.

Algunssugeriram de imediato que as contas da eleição fiquem a cargo doex-prefeito de Diadema José de Filippi Júnior, que ocupou o posto nacampanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.Mas Filippi é candidato a deputado, o que levou a direção da legenda aescantear a sugestão. A única possibilidade de ele ficar com a vaga,dizem seus colegas de partido, é se ele abrir mão de concorrer a umacadeira na Câmara.

Apesar de ter o endosso de parte dacoordenação da campanha de Dilma, a proposta de trazer um executivopara a vaga não é consenso no PT. Parte dos dirigentes avalia que seriaum tiro no pé colocar numa posição estratégica uma pessoa poucofamiliarizada com trâmites de uma campanha eleitoral.

Dequalquer forma, o tesoureiro de Dilma deve demorar para ser anunciado.Na visão de petistas, tornar essa informação pública agora serviriaapenas para dar à oposição mais um alvo para ataques. Até lá, o maisprovável é que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (SP) fiqueencarregado de comandar as primeiras conversas com potenciais doadores.

"Paranós, não muda nada. Continuamos focados na campanha da Dilma e oVaccari continua tesoureiro do PT", afirmou o presidente nacional doPT, José Eduardo Dutra, que voltou a descrever o caso como"requentado". "Os cães ladram e a caravana passa."

Mesmo dianteda repercussão obtida pelo caso, já é certo no PT que Dilma passará aolargo do caso Bancoop. A orientação dada pelo comando partidário é deque ela se concentre em nas atividades de pré-campanha e ignore arepercussão do episódio. A agenda de Dilma, dizem aliados, poderápassar por uma reformulação por causa do novo cenário. Uma das linhaspropostas é focar em eventos com a militância petista, uma demanda jámanifestada há meses por alguns diretórios regionais da sigla. F.M. eC.O.