Título: Projeção de inflação sobe de novo
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2010, Economia, p. B7

Analistas financeiros ouvidos pelo BC elevaram pela 7ª vez seguida a projeção para 2009, chegando a 4,99%

A previsão do mercado financeiro para o aumento da inflação em 2010 járonda os 5%. Pesquisa semanal divulgada ontem pelo Banco Central (BC)mostra que a projeção dos analistas para o Índice de Preços aoConsumidor Amplo (IPCA) subiu de 4,91% para 4,99% em apenas uma semana,na sétima elevação consecutiva.

Com aumentos seguidos dasestimativas, o número previsto se afasta ainda mais do centro da metade inflação do governo para o ano, de 4,50%.

No atual ambientede recuperação da atividade econômica, analistas apostam que o aumentode preços no decorrer de 2010 afetará os custos das empresas e, emseguida, será repassado aos consumidores. Esse cenário fica evidente napesquisa do Banco Central.

CUSTOS

Para osanalistas financeiros, o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) -que tem 60% dos preços coletados no atacado e, por isso, é umtermômetro de custos das empresas - terá aumento de 5,91% em 2010. Essaestimativa sobe ininterruptamente há oito semanas.

O cenário deinflação mais alta não lembra em nada o ano passado, quando o IGP-Mregistrou deflação de 1,72%, a primeira queda anual desde sua criaçãoem 1989.

PROJEÇÃO

Para 2011, porém, o mercado reduziu aprojeção para o IPCA de 4,53% para 4,50%. Assim, o número retornou aocentro da meta, patamar que prevaleceu por 86 pesquisas até a altaverificada na semana passada.

Institutos como a Fundação GetúlioVargas (FGV) que calculam índices de inflação explicam que os preçosnas empresas têm subido pelo aumento de custo das matérias-primas.

Omovimento acompanha a maior demanda gerada pelo aquecimento da economiabrasileira e internacional. No comércio, esse aumento é repassado aoconsumidor. Nos dois casos, também há alguma recomposição da margem delucro das fábricas e do varejo.

SELIC

Apesar das apostascada vez mais altas para a inflação, analistas mantiveram a previsão deque o juro básico da economia, a Selic, não deve sofrer alteração nareunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que acontece na próximasemana.

Para o mercado, o BC deve começar a subir o juro apenasem abril para tentar debelar o aumento dos preços e, assim, levar ainflação para o centro da meta.

Na pesquisa Focus, prevaleceu a previsão de que o juro sobe 0,50 ponto porcentual no próximo mês, para 9,25% ao ano.

Depois, são esperadas altas idênticas nas reuniões de junho, julho, setembro e outubro.

Assim, a Selic terminaria o ano em 11,25%.