Título: Azul e Webjet ganham autorização para usar aeroporto de Congonhas
Autor: Costa, Melina
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2010, Negocios, p. B12

Empresas conseguiram espaços nos finais de semana no terminal; a gaúcha NHT também poderá operar

A partir do próximo mês, as companhias aéreas Webjet e Azul poderãovoar para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo - o mais movimentado elucrativo do país. As empresas participaram de uma redistribuição deslots (horários para pousos e decolagens) realizado ontem pela AgênciaNacional de Aviação Civil (Anac). O problema é que a presençaconquistada pelas companhias ainda é irrelevante em comparação àsprincipais empresas aéreas do País.

Depois do sorteio, acarioca Webjet ficou com apenas 18 slots entre sábado e domingo. A Azulrecebeu menos ainda: 8 slots no fim de semana. A única das companhiasque ainda não operavam no aeroporto que conseguiu espaço durante asemana - quando são vendidas as passagens mais rentáveis, parapassageiros a negócios - foi a gaúcha NHT. A empresa, que faz voosregionais entre os três Estados do Sul, conseguiu 28 horários, sendo 10entre segunda-feira e sexta.

Na mesma redistribuição, a líderTAM ficou com 54 slots, que somam-se aos 1.404 que já possui. A Gol,segunda maior companhia do País, aumentou sua presença em 56 slots eacumula, agora, 1.504 slots. Por fim, a OceanAir, que também já operavaem Congonhas, vai ampliar em quase 30% sua participação com 38 novoshorários.

As companhias já tradicionais em Congonhas não sótiveram acesso a um número maior de slots como puderam escolherprimeiro - e, obviamente, pegaram os melhores horários. Do total de 355slots disponíveis, apenas 202 foram distribuídos. Os 153 que sobraramnão interessaram às companhias. Trata-se de horários durante os finaisde semana.

"Vamos avaliar nas próximas semanas se vale mesmo apena operar em Congonhas. Afinal, teremos o custo de colocarfuncionários no aeroporto", diz Adalberto Febeliano, diretor derelações institucionais da Azul. "A operação tem de fazer sentidoeconômico: dar lucro ou então compensar como estratégia de marketing."

AAzul afirma que seu plano de crescimento está calcado em voos semescala ligando capitais e cidades médias e que, portanto, independe deCongonhas. "Só não podemos ignorar Congonhas porque o aeroporto é comouma butique da (rua) Oscar Freire (em São Paulo). É lá que estão astarifas mais altas do Brasil", diz.

A Webjet informou apenas queainda vai escolher quais os destinos de seus voos que sairão deCongonhas, mas disse que não pretende desperdiçar a oportunidade devoar para o aeroporto.

Já a NHT acredita que conseguirá fazerde sua operação em Congonhas um negócio rentável. "Queríamos operardurante a semana para atender ao nosso público, que se concentra noviajante a negócios", diz Pedro Antonio Teixeira, presidente dacompanhia regional.

A Anac reconhece que a redistribuiçãoalterou apenas timidamente a dinâmica em Congonhas, mas considera esseapenas o primeiro passo para o aumento da competição no aeroportopaulista. "Já é uma vitória. Fomos muito contestados na intenção desortear os slots, mas agora temos um precedente", diz Marcelo Guaranys,diretor da agência.

O sorteio dos slots estava previsto paraacontecer no começo de fevereiro, mas foi adiado diante de liminar daPantanal, empresa aérea comprada pela TAM. A companhia esperava manter61 slots que a agência pretendia redistribuir.

Até o fim do ano,a Anac espera mudar a atual regra de sorteio dos slots. Hoje, ascompanhias que já têm presença relevante no aeroporto recebem 80% dosslots disponíveis para o sorteio. As entrantes ou aquelas que possuempoucos voos durante a semana ficam com os outros 20%. "Essa porcentagempoderia aumentar para 50%, por exemplo", diz Guaranys.

Tambémestá em estudo uma forma de aumentar o número de slots liberados para aredistribuição. Atualmente, só perdem espaço as companhias quecancelarem mais de 20% de seus voos em um período de 90 dias. A Anacespera colocar em vigor uma nova regra que considere também apontualidade dos voos.

Além do esforço da Anac, as companhiasaéreas ainda contam com outras oportunidades de redistribuição deespaço. Antes do acidente da TAM em Congonhas em 2007, o aeroportopermitia 45 movimentos de aeronaves por hora. Hoje, são permitidosapenas 34. "O maior número de voos não afeta a segurança do aeroporto.É possível aumentar a capacidade", diz Febeliano.