Título: Curso técnico vira trunfo para ganhar eleitor jovem
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2010, Nacional, p. A9

Governos federal e paulista vão inaugurar número recorde este ano

Na corrida pelo voto do eleitorado jovem, que responderá nesta eleição por quase 20% dos votantes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), reservaram para este ano números recordes de inaugurações e de recursos para a rede de ensino profissionalizante. Anunciados como oportunidades reais de emprego ao fim dos estudos, os cursos técnicos são hoje centro de uma competição silenciosa entre as duas gestões.

Lula, principal cabo eleitoral da ministra Dilma Rousseff, e Serra, provável presidenciável tucano, prometem um ritmo de entrega de escolas técnicas superior ao registrado até agora. O Ministério da Educação, por exemplo, quer concluir até dezembro 99 unidades no País. É quase o total de escolas (115) que Lula inaugurou em sete anos de gestão. Se a promessa for cumprida, serão 354 ao final do governo ? antes de Lula eram 140. Em São Paulo, o tucano quer pôr em funcionamento 21 novas unidades este ano, quatro a mais do que seu recorde anterior, de 17 escolas, em 2009. Hoje são 181 em funcionamento.

Segundo estimativas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), jovens entre 16 e 24 anos corresponderão a 23 milhões de eleitores em outubro. Essa foi uma das faixas etárias em que Dilma registrou maior crescimento na última pesquisa Datafolha.

DISCURSO SOB MEDIDA

Lula e Serra sabem do potencial eleitoral da ação e investem num discurso sob medida para esse eleitorado. "Estamos oferecendo oportunidades para os jovens, oportunidade de trabalho e futuro, que é o que o Brasil mais precisa. Não esqueçamos que a taxa de desemprego entre os jovens, nos últimos 20 anos, triplicou, segundo dados recentes publicados pelo IBGE", disse Serra ao inaugurar no início do mês uma escola técnica em Sorocaba.

O presidente vai pelo mesmo caminho. "O aluno pode conseguir trabalho em qualquer lugar do Brasil. O que é importante (nesses cursos) é a coisa sagrada de alguém ter uma profissão", afirmou em um dos programas Café com o Presidente.

Ambos também foram generosos na liberação de recursos no último ano de governo para a manutenção e expansão da rede de ensino profissionalizante. Na esfera federal, o orçamento para o setor cresceu 28% de 2009 para 2010, ultrapassando a cifra de R$ 2 bilhões. No início do segundo mandato de Lula, a área não tinha nem metade disso.

No governo paulista, a previsão é aplicar R$ 1 bilhão neste ano, o mesmo valor de 2009 e mais que o dobro do montante investido no primeiro ano da gestão, algo em torno de R$ 460 milhões.

Essa diferença de orçamentos é um indicativo da valorização que a área teve dentro dos dois governos ao longo desses quatro anos. Vitrine na esfera paulista e federal, o ensino profissionalizante é hoje o maior instrumento de Serra e Dilma para atrair o voto da juventude, beneficiária direta da expansão de vagas.