Título: Colômbia dá início à campanha presidencial
Autor: Miranda, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2010, Internacional, p. A13

Sem Uribe, partido governista escolhe ex-ministro para eleição

A designação do ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos como candidato do Partido da U, de Álvaro Uribe, na noite de segunda-feira deu a largada para a corrida presidencial na Colômbia, que escolherá em 30 de maio seu próximo líder. Uma assembleia extraordinária da legenda decidiu pela indicação de Santos que, durante um comício em Bogotá, disse que se sentia "honrado" e prometeu defender o legado de Uribe.

"Temos a tarefa de construir sobre o progresso obtido pelo governo do presidente Uribe", afirmou Santos, que agradeceu a confiança depositada nele pelo líder colombiano.

A escolha do ex-ministro para representar o partido governista nas eleições foi feita após a Corte Constitucional rejeitar uma lei que convocava um referendo sobre a segunda reeleição do presidente, fechando as portas para um terceiro mandato de Uribe. "A candidatura de Santos não foi nenhuma surpresa porque já era esperado que ele assumisse o posto caso Uribe não pudesse concorrer", afirmou ao Estado, por telefone, o cientista político Alejo Vargas, da Universidade Nacional.

Santos - que disse estar confiante de que vencerá a eleição em primeiro turno - é o candidato mais popular do país no momento graças às operações que comandou contra a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), prendendo importantes chefes rebeldes e libertando reféns. Durante o discurso após sua nomeação, o ex-ministro garantiu que não descansará até erradicar totalmente a violência "narcoterrorista" do país.

De acordo com analistas, porém, apesar de contar com altos índices de aprovação, a vitória de Santos não é garantida. "Ele deve passar para o segundo turno com facilidade, mas depois o cenário político fica incerto por causa das inúmeras possibilidades de coalizões entre os partidos", disse Vargas.

Santos afirmou que pretende dar continuidade à política de segurança democrática, implementada por Uribe para combater grupos rebeldes e o tráfico de drogas no país. O candidato ainda disse que pretende ir além, ampliando a "prosperidade democrática".

NARCOTRÁFICO

O diretor da Fundação Segurança e Democracia, Alfredo Rangel, acredita que, na área de segurança, qualquer um dos candidatos - até mesmo os de oposição - devem dar continuidade às políticas de Uribe para combater o narcotráfico. "Alguns setores da oposição reconheceram os êxitos do programa do presidente e indicaram que seguiriam pelo mesmo caminho, fazendo apenas alguns ajustes", disse Rangel.

Já Vargas acredita que, caso Santos saia vitorioso, o governo pode retomar as negociações com as Farc para libertação de reféns e até mesmo uma possível desmobilização.

Santos, de 58 anos, é membro da família que controla o El Tiempo, o principal jornal da Colômbia. Primo do atual vice-presidente, Francisco Santos, o ex-ministro chegou a ser jornalista depois de se estudar nos EUA, mas entrou para a política em 1991.

CONCORRENTES

Juan Manuel Santos: Candidato de Uribe lidera pesquisas com 23% das intenções de voto

Gustavo Petro: Ex-guerrilheiro, candidato do Polo Democrático soma 11% nas pesquisas

Sergio Fajardo: Independente, ex-prefeito de Medellín tem 9% das intenções de voto

Germán Vargas Lleras:

Ex-senador, concorre pelo partido Cambio Radical. Aparece com 9% nas pesquisas COMENTÁRIOS Comente tambémTodos os comentários