Título: Para Financial Times, pode haver uma guerra comercial
Autor: Marin, Denise Chrispim ; Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2010, Economia, p. B3
Europeus e argentinos divulgaram com destaque medidas anunciadas na segunda-feira pelo governo
A lista de retaliação do Brasil contra os Estados Unidos foi destaque na imprensa internacional. O assunto ocupou a manchete da edição americana online do Financial Times, sob o título "Movimento do Brasil em tarifas provoca risco de guerra comercial com os EUA".
Segundo o jornal britânico, o Brasil se movimentou para aumentar as tarifas de "ampla gama de produtos americanos", "potencialmente inflamando uma guerra comercial com os Estados Unidos sobre os subsídios aos produtores de algodão, depois de oito anos de disputa jurídica na Organização Mundial do Comércio (OMC)".
O governo brasileiro divulgou na segunda-feira uma lista de 102 produtos sujeitos a sobretaxas dentro de 30 dias. Em alguns casos, as tarifas de importação subiram para 100%. A retaliação foi autorizada pela OMC depois que os EUA se recusaram a retirar os subsídios aos produtores de algodão.
A revista The Economist, na edição online, dedicou uma reportagem ao tema: "Brasil dispara outro tiro na disputa com os EUA sobre os subsídios do algodão". Segundo a revista, os dois países deram manifestações de conciliação, mas a força do lobby agrícola torna difícil qualquer reforma dos subsídios no Congresso americano.
No site da BBC, uma reportagem anunciava que "Brasil coloca sanções comerciais nos Estados Unidos". A agência de notícias Bloomberg destacou que "Brasil eleva tarifas para produtos americanos". No argentino Clarín, "Brasil castiga Estados Unidos e trava ingresso de produtos feitos nos EUA".
Os jornais americanos deram pouco destaque ao tema da retaliação, apesar de os EUA serem o país atingido. O New York Times publicou uma reportagem com o título "Brasil ameaça retaliação em disputa sobre subsídios do algodão". No Washington Post havia apenas uma nota.
Uma análise do Inside US Trade, o site mais influente em negociações internacionais, destacou que a lista brasileira indicava que o Brasil estava mais disposto a retaliar na área agrícola do que na indústria, com a "notável" exceção dos automóveis americanos. O site destacou que o País excluiu os insumos químicos.