Título: Preço do aço pode subir mais de 10%, diz fabricante
Autor: Quintão, Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2010, Economia, p. B3

Os aumentos dos custos das siderúrgicas por causa dos reajustes esperados para o minério de ferro e para o carvão devem se refletir em alta dos preços do aço no mercado interno, reproduzindo um cenário que já ocorre no exterior. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) divulgou que o aço vendido pela empresa no mercado interno pode ter reajuste de dois dígitos. A Usiminas admite que vai avaliar a questão dos preços no momento em que ocorrerem as prováveis altas das matérias-primas, apesar de ainda esperar um cenário de estabilidade nos valores do insumo no Brasil.

O quanto será possível elevar os valores do aço vai depender da demanda, do câmbio e da manutenção ou não da tarifa de importação desse insumo. Na avaliação do analista da Geração Futuro Rafael Weber, o cenário mais provável para os aumentos dos preços das matérias-primas é de 40% para o minério de ferro e de 50% para o carvão. Considerando essas variações, o repasse proporcional à utilização do minério e do carvão no processo siderúrgico para a produção de bobina a quente (fabricação de máquinas, equipamentos e veículos) seria de 8,6% no Brasil, 12% na Europa e 14% na China.

O cálculo considera que, para cada tonelada de aço, é necessária 1,6 tonelada de minério e meia tonelada de carvão, e leva em conta a variação de cada local em função do câmbio, sem incluir impostos. Para a projeção do mercado brasileiro, foi considerado o dólar a R$ 1,80.

O presidente da Frefer, segunda maior distribuidora independente de aço do País, Christiano da Cunha Freire, avalia que, após o reajuste do minério de ferro, poderá haver reajustes do preço do aço no Brasil de até 15%. No mercado internacional, os valores do aço já subiram mais de 20% de novembro até o início de março, segundo Freire.

Neste começo de mês, está havendo reajuste de 7% nos preços do aço no mercado internacional. "Muita gente espera que o aumento do minério vá ficar acima de 40%. O Chile deve começar a importar aço, pois há usinas afetadas pelo terremoto, o que também vai pressionar os preços", disse.

O diretor comercial da CSN, Luiz Fernando Martinez, disse na semana passada que pode haver aumento de dois dígitos no preço do aço da companhia no mercado interno e ponderou que a variação vai depender da demanda. O presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, informou, que, mesmo com a perspectiva de alta nos preços das matérias-primas para a siderurgia, o grupo não prevê, no momento, elevação nos preços do aço no mercado interno.