Título: Cabral enfrenta crise em vitrines eleitorais
Autor: Tosta, Wilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2010, Nacional, p. A6

Problemas em projetos do governo ameaçam campanha pela reeleição

A menos de sete meses das eleições, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), enfrenta uma crise em suas bandeiras de campanha. Programas governamentais que pretende apresentar como vitórias de seu governo - como a ligação 1-A do metrô, a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, a política de segurança pública simbolizada nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e habitações no Morro do Alemão - começaram a apresentar fragilidades e defeitos. Os problemas, associados à articulação da oposição em torno de Fernando Gabeira (PV), geram a impressão de que Cabral enfrentará uma disputa mais difícil do que se esperava.

"Existe diferença entre marketing e o que as pessoas absorvem", diz o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS). "Não adianta fazer propaganda dizendo que o transporte está uma maravilha e o cidadão pegar um trem lotado ou entrar em um metrô sem ar condicionado."

O líder do governo na Assembleia, Paulo Melo (PMDB), contesta. "Quem disse que não está dando certo? Eu, que vivo o dia a dia e não estou na oposição querendo encontrar defeito, acho que está bom."

O inferno de Cabral começou em dezembro, depois que, com o presidente Lula, inaugurou a ligação direta entre as linhas 2 e 1 do metrô, que deveria encurtar a viagem. O que os usuários receberam, porém, foram trens superlotados, com refrigeração deficiente em meio ao verão mais quente dos últimos anos, composições com atraso, horários irregulares e uma sucessão de defeitos.

Houve problemas também em outras áreas. Depois de anos, voltaram a morrer em massa peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas. Além disso, jornais locais publicaram imagens de traficantes armados, circulando à vontade perto da Favela do Jacarezinho, ofuscando a pregação oficial de melhoria da segurança. E apartamentos construídos pelo PAC no Morro do Alemão tiveram de sofrer reparos, por causa da chuva.

Uma pesquisa feita pelo IBPS em dezembro, antes da enxurrada de notícias ruins para o governo, apurou notas que a população daria para o Estado em seis áreas, de zero a dez. A melhor foi em obras: 5. A pior foi para segurança, 3,4. A média geral ficou em 4,3.