Título: Verdes resistem a candidatura própria
Autor: Almeida, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2010, Nacional, p. A8
Queda de braço com ""caciques"" de alguns Estados tem favorecido Executiva
A filiação de Marina Silva ao PV e o lançamento de sua candidatura àPresidência da República estão forçando a Executiva Nacional a medirforças com alguns caciques do partido em diferentes partes do País. Oprincipal motivo das disputas tem sido a resistência desses caciques aolançamento de candidaturas próprias em seus Estados - uma dasexigências de Marina para pôr a campanha na rua. Na maior parte dasvezes a Executiva tem levado a melhor.
Foi o que se viu ontem,quando o ministro da Cultura, Juca Ferreira, oficializou seu pedido desuspensão da filiação partidária pelo período de um ano. Ele foipressionado pela cúpula do PV, que agora fica mais à vontade paralançar candidato próprio ao governo da Bahia.
Únicorepresentante do PV no primeiro escalão do governo Lula, o ministro,que era influente no diretório baiano, defendia a tese de que o partidonão tivesse candidato e apoiasse o nome indicado pelo governador JaquesWagner (PT). Na queda de braço, a Executiva venceu e já definiu ocandidato verde - o deputado Luís Bassuma.
Ferreira, por suavez, ficou livre para apoiar sem nenhum constrangimento a candidata desua preferência à Presidência, a ministra petista Dilma Rousseff. Osverdes acham pouco provável que ele retorne ao partido em 2011.
Oministro não foi o primeiro a se afastar em decorrência das polêmicascausadas pela candidatura de Marina. Em Santa Catarina, após umaintervenção branca da Executiva no Diretório Estadual, o presidenteGerson Basso, que faz parte da equipe de governo do prefeito DarioBerger (PMDB), também pediu afastamento temporário do PV. A exemplo deFerreira, ele resistia ao lançamento de candidatura própria dos verdes.
O PV catarinense agora vai realizar prévias para definir o nome do candidato. Quatro candidatos se inscreveram.
Nomomento, uma das situações mais delicadas é a do Rio Grande do Sul. "OPV de lá estava fazendo corpo mole em relação à campanha da Marina",diz Maurício Brusadin, coordenador da região sul na Executiva,justificando a intervenção que foi feita no diretório gaúcho. "Trata-sedo Estado mais complexo para nós, onde temos só dois vereadores.Intervenções são processos violentos. Só usamos em última instância.Mas lá não teve jeito."
No mês passado, a cúpula verde também havia feito uma intervenção no diretório de Minas Gerais.