Título: Europeus se alinham em crítica à repressão cubana
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2010, Internacional, p. A12
UE volta a denunciar prisão de dissidentes; Parlamento do bloco ameaça culpar regime por morte de Zapata
Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e os governos da França e daEspanha dividiram-se ontem entre condenações explícitas a Cuba e adefesa veemente da libertação de dissidentes políticos cubanos. Asmanifestações políticas multiplicaram-se ontem na Europa com acontinuidade da greve de fome do jornalista opositor Guillermo Fariñas,pela libertação de presos políticos cubanos doentes, cuja situação foicomparada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à de presidiárioscomuns.
A manifestação mais contundente em favor dos dissidentesfoi feita pelo Parlamento Europeu. Reunidos em Estrasburgo, na França,deputados de todos os grupos políticos - de liberais a socialistas -condenaram a morte de Orlando Zapata, que em 23 de fevereiro nãoresistiu aos 85 dias de greve de fome. Hoje, uma resolução será votadano Parlamento definindo a morte de Zapata como "cruel e evitável" equestionando a responsabilidade da ditadura castrista na morte dedissidentes.
Outra instituição a expressar sua insatisfação como governo cubano foi o Conselho Europeu, que reúne os chefes de Estadoe de governo dos 27 países. Falando em nome da presidência rotativa dobloco, o secretário de Assuntos Europeus da Espanha, Diego LópezGarrido, afirmou que a Europa "seguirá lutando pela libertação de todosos presos políticos" de Cuba. Mas o bloco descartou por orapossibilidade de adotar sanções contra o regime, como as impostas entre2003 e 2008, quando o governo cubano realizou uma série de prisões deopositores.
Ainda ontem, o governo da França pediu solenemente alibertação de Fariñas. "Nós estamos cada vez mais preocupados com oestado de saúde do dissidente cubano Guillermo Fariñas", afirmouBernard Valero, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores daFrança.
Valero prosseguiu no apelo: "As autoridades cubanasdevem liberar com urgência todos os prisioneiros políticos, emparticular os que estão em estado de saúde seriamente degradado."
Organizações não-governamentais como a Anistia Internacional também voltaram a protestar contra o governo cubano.