Título: Farc dão coordenadas para resgate de reféns
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2010, Internacional, p. A16

Libertação, que será feita com ajuda brasileira, deve ocorrer em 10 ou 12 dias, diz senadora

A senadora opositora colombiana Piedad Córdoba disse ontem que já tem as coordenadas do local de onde devem ser resgatados, com a cooperação brasileira, os dois reféns que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) prometem libertar. Piedad tem atuado na mediação para a libertação de reféns das Farc desde 2008.

Segundo a senadora, a nova libertação pode ocorrer dentro de 10 ou 12 dias. "Temos em nosso poder as coordenadas, ou seja, o local onde estão as pessoas que serão soltas", afirmou. Serão resgatados o cabo do Exército Pablo Emílio Moncayo, que está em cativeiro desde 1997, e o soldado Josué Daniel Calvo Nuñez, capturado em abril de 2009. Também será devolvido o corpo do major Julián Guevara, morto em cativeiro.

Na semana passada, as Farc anunciaram que Calvo "está doente e precisa ser carregado por guerrilheiros" nos deslocamentos na selva. O Brasil será responsável pela parte logística da operação. Em 2009, helicópteros e militares brasileiros recolheram na selva colombiana, com o apoio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), quatro militares e dois políticos reféns da guerrilha.

Ainda ontem, o ministro de Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, anunciou a assinatura, com a CICV, de um "protocolo de coordenação", no qual o governo garante que não haverá operações militares no local e no dia do resgate. "Pedimos às Farc que os libertem já", afirmou Silva. "Mas não podemos permitir que (os rebeldes) usem nossos homens (os reféns) para que nos descuidemos da segurança no dia das eleições", completou, referindo-se às eleições legislativas de domingo. Desde 2008, 28 reféns deixaram o cativeiro das Farc - 12 foram entregues unilateralmente, 15 libertados numa operação militar e 1 fugiu. Outros 24 militares, porém, ainda estão com a guerrilha.

As libertações realizadas em 2008 e 2009 ocorreram cerca de um mês depois de serem anunciadas pelas Farc. No caso de Moncayo e Calvo, o processo foi atrasado pela morte do governador de Caquetá, sequestrado e assassinado pela guerrilha em dezembro.