Título: Mantega já prevê alta acima de 5,7%
Autor: Graner, Fabio ; Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2010, Economia, p. B7

Projeção oficial da Fazenda é de expansão de 5,2% este ano, mas ministro acha que País pode superar o índice

Depois do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi a vez de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pôr um viés de alta na projeção do governo para o crescimento da economia em 2010. Na entrevista coletiva em que comentou os números do PIB do ano passado, Mantega previu que o Brasil crescerá acima de 5,7% este ano. Pouco depois, porém, fez uma confusão de números. Falou em crescimento de 5% a 5,5%, com mais chances de ficar no topo do intervalo, mas também reiterou a projeção oficial da Fazenda, de expansão de 5,2%.

Questionado sobre qual seria o número com que a Fazenda trabalha, Mantega argumentou que não há exatidão nas projeções. "Ninguém consegue acertar com precisão absoluta. O importante é saber: Está crescendo? Está crescendo fortemente e de forma sustentável. Se der em torno de 5,5%, está excelente. Agora, se for 5,6%, 5,7%, ou 5,4%, do ponto de vista econômico é mais ou menos a mesma coisa." Vale lembrar que uma diferença de 0,2 ponto porcentual do PIB representa algo em torno de R$ 6 bilhões.

Em relação ao resultado do PIB de 2009, que caiu 0,2% ante 2008, Mantega classificou o desempenho brasileiro de "bom" e de "razoável", diante do fato de que a maioria teve quedas muito maiores. Mas o ministro preferiu concentrar sua análise no quarto trimestre. Mantega disse que o País fechou 2009 com "chave de ouro", crescendo abaixo apenas de quatro países do G-20 - o grupo dos 20 mais ricos do mundo.

Segundo ele, a indústria e os investimentos puxaram a expansão do PIB no fim do ano passado. Ele afirmou que a indústria tem capacidade ociosa e pode crescer 7% ou 8% em 2010. "Insisto que o crescimento brasileiro é sustentável."

JUROS

Apesar de satisfeita com o desempenho do PIB no quarto trimestre, a Fazenda avalia que os dados reforçam a tese de que não há superaquecimento da economia. Por isso, não haveria necessidade de alta dos juros.

Segundo uma fonte da equipe econômica, a expansão é "moderada", raciocínio apoiado na alta de 4,3% no quarto trimestre comparada com igual período de 2008. "Para quem acha que o PIB vai crescer na casa de 6%, o número mostra que precisa ocorrer aceleração mais forte", disse a fonte.