Título: Blat diz ao Senado que Bancoop é 'organização criminosa'
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2010, Nacional, p. A8

O promotor de Justiça José Carlos Blat não vai depor na CPI das ONGs. Por meio do ofício, encaminhado ao senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da comissão, diz que a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) se tornou "verdadeira organização criminosa".

Segundo Blat, entre 2001 e 2008 a Bancoop recebeu "uma série de recursos dos cooperados, fundos de pensão e empréstimos captados do Sindicato dos Bancários de São Paulo, sendo certo que muitos imóveis nem sequer foram entregues pelo evidente desvio para abastecer o caixa 2 de dirigentes e ex-dirigentes da cooperativa, bem como para fomentar campanhas políticas eleitorais do PT".

Blat afirma que hoje vai realizar diligências "visando ao atendimento de determinação judicial para análise do pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal de João Vaccari Neto e de outra dirigente da Bancoop" ? a qual não nomeou. Vaccari, tesoureiro do PT, é o principal alvo do promotor. O relatório ao Senado tem 53 páginas e reproduz depoimentos do inquérito que apontam desvios para financiamento de campanhas do PT, segundo Ricardo Luiz do Carmo, engenheiro responsável por 30 empreendimentos, e Hélio Malheiro, irmão do ex-presidente da Bancoop Luís Malheiro, morto em acidente de carro.

Blat rechaça suspeitas do PT sobre interesse particular na apuração. Segundo ele, em 2005 a cooperativa chegou a endividamento de R$ 70 milhões. A Bancoop nega irregularidades.

Adiamento. O tesoureiro do PT enviou ofício à CPI das ONGs solicitando que seu depoimento, marcado para hoje, fosse adiado, porque seu advogado está em Washington.

Como foi convocado pela CPI, Vaccari é obrigado a comparecer para prestar depoimento. O presidente da comissão disse não ver problema no pedido do tesoureiro. "O advogado dele está fora e ele quer a presença do advogado. Tudo bem. Vamos fazer depois da Semana Santa", afirmou Heráclito. O depoimento do petista deverá ficar para o dia 6 ou 7 de abril. / COLABOROU ANA PAULA SCINOCCA