Título: Serra assume candidatura e diz que crescimento de Dilma não assusta
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2010, Nacional, p. A4
Sucessão. Anúncio sobre a saída do governo paulista no início deabril para se dedicar à campanha presidencial foi feito de maneiracautelosa, sem afirmação explícita, durante entrevista para a TV no diaem que o governador comemorou seu 68º aniversário
Ogovernador de São Paulo, José Serra (PSDB), falou ontem abertamente,pela primeira vez, sua candidatura à Presidência da República e disseque o crescimento da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff,pré-candidata do PT ao Planalto, nas pesquisas de intenção de voto "nãoassusta".
"São cinco pontos de diferença. Mas não me assusta não, até porqueeu estava prevendo", afirmou o tucano em entrevista ao jornalista JoséLuiz Datena, do programa SP Acontece, um dos mais populares da TVBandeirantes. Pesquisa CNI-Ibope divulgada na quarta-feira mostrouSerra com 35% e Dilma com 30%. Em fevereiro, a vantagem do tucano erade 11 pontos porcentuais, segundo o mesmo instituto.
Depois de um silêncio absoluto sobre eleição nos últimos dias, Serraadmitiu, no dia em que comemorou 68 anos, que será candidato quandoconfirmou a data de sua saída do governo estadual. "Faltam poucos dias.No começo de abril", afirmou o governador.
Diante da declaração do apresentador de que o tucano estava alianunciando sua postulação, ele minimizou - a oficialização será emevento em Brasília no dia 10 -, mas falou como se fosse candidato norestante da entrevista. "Não estou negando. Apenas dizendo que nestemomento, enquanto eu estiver no governo, não vou fazer campanha."
O tucano rechaçou críticas de que esteja demorando para iniciar acampanha. "Não estou demorando. Tem seis meses para fazer campanhaeleitoral."
Em uma crítica indireta à adversária, o governador afirmou que nãoantecipará o enfrentamento. "Campanha para mim é depois. Eu nãoantecipei. Meu trabalho de governador ficou sendo meu trabalho degovernador e vou fazer isso até o último momento." A oposição acusaDilma e Lula usarem compromissos de governo para promover a candidaturapetista.
Vice. Sobre a vaga de vice, disse que é uma escolha feita "muitomais adiante". "É assunto para ser resolvido no fim de maio, junho",afirmou. Os tucanos ainda esperam que o governador de Minas, AécioNeves, aceite o convite de Serra para dividir a chapa tucana aoPlanalto.
Repetindo discurso usado à exaustão pelas lideranças do PSDB nosúltimos dias, Serra atribuiu a escalada de Dilma nas pesquisas a uma"grande exposição" na mídia. "Pela grande exposição dela e também pelograu de crescimento que tem o PT. O PT tem sempre no mínimo 30%."
Ele mostrou-se confiante numa arrefecida desse avanço. "Acho que vaiter muito tempo pela frente e esse efeito (Dilma) vai passar."
Antecipando um discurso que deverá ser entoado muito na campanhatucana, o governador tentou descolar Dilma da imagem do presidente LuizInácio Lula da Silva, dizendo que um chefe de Estado é"insubstituível". "Você tem que ver quem é que vai ser presidente,dirigir as coisas. Porque o presidente é insubstituível. Não hádelegação nesse caso."
Biografias. Também defendeu que a população faça uma comparação debiografias ao escolher o próximo presidente e veja "quem é mais capazde garantir as coisas boas e melhorá-las e quem é capaz de enfrentar osproblemas". "Acho que fica meio pretensioso eu me comparar. Isso écoisa que a população que vai decidir. Eu tenho uma história, o pessoalvai conhecer, vai conhecer a história dela, da Marina, e vai julgar."
Depois da entrevista, em visita ao interior paulista, Serra negouque tivesse confirmado sua candidatura presidencial. "Quem disse foi oDatena", afirmou.