Título: Collor e tucanos emperram indicação de 13 embaixadores
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2010, Nacional, p. A14

Comissão sob comando de Eduardo Azeredo vira palco de críticas à política externa de Lula nos casos do Irã e de Cuba

Airritação de um senador da base aliada com o Itamaraty, somada àscríticas de parlamentares de oposição à política externa do governo dopresidente Luiz Inácio Lula da Silva, empacou na Comissão de RelaçõesExteriores do Senado a indicação de 13 embaixadores para postos fora doBrasil.

O PSDB está impedindo a análise das indicações de diplomatas.Comandada pelo tucano Eduardo Azeredo (MG), a comissão se transformou,nas últimas semanas, em palco para críticas ao comportamento de Lulacom relação a temas polêmicos, como o Irã - que estaria construindo abomba atômica - e a falta de solidariedade do governo com os presospolíticos em Cuba que fazem greve de fome.

"Há uma decisão do PSDB de ruptura com o modo de o Brasil secomportar em relação a Cuba e ao Irã", disse o líder do partido noSenado, Arthur Virgílio (AM), que já anunciou rompimento com a políticaexterna do governo Lula.

Sabatina. Em menos de um mês, a comissão inviabilizou a indicação dedois embaixadores. No dia 11, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) impediua sabatina do diplomata José Antonio de Carvalho para o cargo deembaixador do Brasil na Venezuela.

Antes dele, no dia 25 de fevereiro, o ex-presidente da República ehoje senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), um aliado do governoLula, suspendeu o exame da indicação do diplomata Fernando SimasMagalhães, escolhido para ser embaixador no Equador.

Esta semana, para se unir aos tucanos e impedir a votação dasindicações de embaixadores na Comissão de Relações Exteriores, Collorcriticou o uso de assinatura eletrônica pelo ministro Celso Amorim(Relações Exteriores) nas mensagens enviadas ao Senado com os nomesindicados para cargos no exterior.

"Os documentos devem voltar para que o ministro, entre um rega-bofee outro, possa pôr as assinaturas e chancelar as indicações", declarouCollor, que há 21 anos, quando foi eleito presidente, criticou a faltade modernidade do Brasil.

Além da Venezuela e do Equador, estão à espera de aprovação dacomissão os indicados para Israel, Reino Unido, Tailândia, Dinamarca,Bolívia, Uruguai, Cuba, Angola, Portugal, Dominica e o embaixadorbrasileiro junto a Unesco.

Ficou acertado que a partir das próximas indicações, a comissão sódeve aceitar pedidos assinados de próprio punho pelo ministro Amorim.As indicações estão suspensas até a audiência com o ministro, no dia 6.