Título: Mensalão do DEM acirra a disputa no PT
Autor: Colon, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2010, Nacional, p. A15

Pré-candidatos no DF, Agnelo e Magela trocam acusações por causa das fitas do esquema

Oescândalo do DEM do Distrito Federal contaminou o processo de escolhado candidato do PT ao governo de Brasília. O que esquenta o debateentre os dois pré-candidatos - o ex-ministro dos Esportes AgneloQueiroz e do deputado Geraldo Magela - são as fitas gravadas peloex-secretário Durval Barbosa, revelando o esquema de corrupção quelevou o governador José Roberto Arruda à prisão.

Na origem está a notícia de que Agnelo havia assistido às fitasantes de estourar o escândalo. A partir daí, Magela também seposicionou como candidato a governador, dando início à troca deacusações.

Com o fim do acordo pelo qual um concorreria ao governo e o outro,ao Senado, as eleições prévias para a escolha do candidato do PT agovernador do Distrito Federal serão realizadas amanhã.

O primeiro enfrentamento oficial entre os dois petistas ocorreu nanoite de terça-feira em meio à guerra de torcidas que marcou as quatrohoras do debate realizado no auditório de um hotel da capital. Adespeito das regras previamente acertadas pela dupla, foi impossívelconter a gritaria e as vaias da plateia, composta por cerca de 600militantes do PT de Brasília.

"Quando descobri que Agnelo teve acesso a informações sobre ogoverno Arruda, me senti traído e resolvi apresentar meu nome", bradouMagela.

Ele acusou o "companheiro" de articular apoios junto a partidosaliados, ofertando a vaga ao Senado que, pelo acordo interno do PT, erasua. "O acerto era que a candidatura ao governo e ao Senado seriamprioridade do PT. Mas, nas minhas costas, estavam dizendo que o PTpoderia nem ter candidato ao Senado."

Patrimônio. Os ânimos ficaram ainda mais acirrados quando Agnelo foicobrado a prestar esclarecimentos sobre sua casa no bairro nobre doLago Sul e a dirimir dúvidas sobre sua evolução patrimonial. Agnelorespondeu entregando ao presidente do PT local, Roberto Policarpo,documento da Receita Federal sobre seu patrimônio. "É umconstrangimento absurdo", protestou.

Em meio aos ataques mútuos e à saraivada de vaias de parte a parte,militantes tentaram equilibrar a discussão com a tese de que um petistaviu as fitas e o outro soube da existência delas. Quando o debate foiaberto a intervenções da plateia, um aliado de Agnelo admitiu que "asfitas do Durval podem prejudicar a campanha do PT, sim", convocandoMagela a esclarecer como soubera que as fitas existiam.

"Tentaram plantar que eu conhecia as fitas. Se conhecesse, aprimeira coisa que faria era comunicar à Executiva do partido e asegunda, ao Ministério Público", rebateu o petista aos berros, com omicrofone nas mãos. "O Agnelo foi ver as fitas e só disse que foiporque, infelizmente, foi filmado lá dentro. Se não fosse, nãoestaríamos sabendo disso até hoje."

Aloprados. "Vi as fitas, mas não tinha nenhuma certeza se eramverdadeiras ou se havia montagem. Não estava certo meter o PT nisso,com tanta confusão de golpe, de aloprados", defendeu-se. Agneloargumentou que o resultado acabou sendo melhor, porque as denúncias"partiram de dentro da própria quadrilha", causando a queda do esquema."Ainda bem que fui eu que vi, porque seguramos isso, para levar a essedesfecho. Mostramos as práticas do DEM e dos neoliberais para o Paísinteiro."