Título: Ministério Público vai às urnas
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2010, Nacional, p. A19

Eleição de novo procurador será entre 8 e 17 horas e apuração deve acabar às 20h30

OMinistério Público de São Paulo elege hoje o procurador-geral deJustiça. Irão às urnas 1.730 promotores e procuradores. O voto ésecreto. Três são os candidatos ao topo da instituição: Fernando GrellaVieira, que busca a reeleição, João Francisco Moreira Viegas e MárcioChristino, todos procuradores.

Em São Paulo, promotor de Justiça, etapa inicial da carreira, não pode se candidatar ao cargo máximo da instituição.

A lista tríplice será encaminhada segunda-feira ao Palácio dosBandeirantes. A Constituição reserva exclusivamente ao chefe doExecutivo competência para escolher o procurador-geral.

O governador de São Paulo, José Serra, pode escolher qualquer nomeda relação, independentemente da colocação do escolhido. Em 2008, Serraindicou Grella, que ganhou a eleição com margem folgada de votos. Essaé a tradição - o primeiro lugar no voto ocupa a cadeira número 1 nahierarquia da promotoria.

A eleição será entre 8 horas e 17 horas. As urnas serão instaladasna sede da procuradoria, na Rua Riachuelo, e em nove regiões dointerior. Ao fim do pleito, as urnas das cidades mais distantes serãotrazidas de avião para São Paulo. A apuração deve se encerrar por voltade 20h30.

Plataforma. Os candidatos entraram na reta final de campanhadefendendo mudanças na legislação, especialmente com relação ao combateà corrupção e à improbidade. Eles avaliam que não basta o MinistérioPúblico mirar sua atuação em acusados por fraudes ao Tesouro - pregamendurecimento das leis.

Meta comum entre os três procuradores é a possibilidade depromotores também poderem concorrer ao comando da instituição. Grellatentou, mas seu projeto foi barrado pelo Órgão Especial, composto pelosprocuradores mais veteranos que resistem à ideia.

Para Grella, o Ministério Público paulista atravessa momento vital,sobretudo por causa de iniciativas no Congresso que visam a intimidar apromotoria. Ele sustenta que o Ministério Público já teve apoio noCongresso, mas hoje está praticamente isolado.

Viegas aponta como prioridade em sua eventual gestão acabar com aburocracia. "Há excesso (de burocracia) e isso amarra os promotores".Ele defende a ideia de que a procuradoria-geral promova audiênciaspúblicas. Christino quer privatizar serviços para que oficiais depromotoria e assessores jurídicos se dediquem a uma ação direta compromotores.

"Espero merecer o reconhecimento da classe porque temos necessidadede dar continuidade ao projeto implementado no primeiro mandato",declarou Grella. "Eu estou confiante", assinala Marcio Christino. "Anossa proposta é a melhor. A classe entende nossas metas. Só lamentonão ter tido mais tempo para percorrer todo o Estado."