Título: Soldado havia sido capturado e ferido em combate com guerrilha
Autor: Charleaux, João Paulo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2010, Internacional, p. A12

Farc enviaram carta à família de refém para negociar libertação; governo resistiu às exigências, mas cedeu

Soldado do Exército colombiano, Josué Daniel Calvo Sánchez foi capturado em 21 de abril de 2009 pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) após sua patrulha enfrentar guerrilheiros na selva. Acabou baleado na perna e foi levado pelos insurgentes.

"Telefonaram do Exército, não queriam usar a palavra sequestro", relembra Luis Calvo, pai do soldado capturado. Só no fim de maio, por meio de uma declaração das Farc, ele ficou sabendo que o filho era refém do grupo guerrilheiro e tinha sido ferido.

As Farc enviaram uma carta diretamente à família de Calvo, em junho, na qual davam sinais de que poderiam libertar o soldado e também o sargento Pablo Emilio Moncayo ? o mais antigo refém da guerrilha, sequestrado em dezembro de 1997.

A mensagem afirmava que as Farc não se oporiam à libertação, mais impunham condições: "O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Conferencia Episcopal deveriam estar presentes".

A entrega dos dois reféns, exigiu a guerrilha, só seria feita à senadora Piedad Córdoba e ao pai de Moncayo, Gustavo, que ficou conhecido por realizar campanhas nacionais pela libertação de seu filho.

O governo colombiano recusou as exigências da guerrilha, afirmando que "não se deve fazer show nem jogadas políticas com a vida ou a liberdade das pessoas". Em novo comunicado, emitido em março, as Farc afirmaram que a saúde de Calvo era "frágil".

Operação. "Informamos que o soldado Calvo continua doente e é carregado pelos guerrilheiros durante as operações militares", dizia a mensagem. "Logo que o governo torne público o texto com os procedimentos seguros e satisfatórios, efetuaremos rapidamente a libertação dos dois militares reféns e dos restos do major Julián Ernesto Guevara, morto no cativeiro".

Sob pressão, o governo decidiu ceder. A última etapa da operação está marcada para amanhã, quando a missão humanitária deve resgatar Moncayo. /AP