Título: Acordo eleva reajuste de aposentados a 7,71%
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2010, Economia, p. B5

Lideranças do Senado e da Câmara comemoram, mas o líder governista Cândido Vaccarezza se irrita e diz que o governo só pode pagar 7%

O aumento do índice de reajuste das aposentadorias está opondo as lideranças governistas da Câmara e do Senado e levou a votação da proposta a um impasse.

Na busca de um aumento intermediário entre os 6,14% concedidos por meio da medida provisória em janeiro deste ano e a possibilidade de os parlamentares aprovarem um reajuste muito maior, atendendo a um apelo popular em ano eleitoral, líderes no Senado anunciaram o apoio a um índice de 7,71% para os benefícios acima de um salário mínimo pagos pela Previdência Social.

O porcentual ficou acima dos 7% que estão sendo negociados pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), relator da medida provisória. "Se não tiver acordo nos 7%, vou colocar em votação o índice de 6,14% e eles que derrotem o governo", reagiu Vaccarezza, assim que soube que, no Senado, os líderes haviam anunciado um grande acordo entre as duas Casas para aprovar o reajuste dos aposentados.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ficou encarregado de apresentar o novo índice ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. "Espero que o ministro Guido Mantega (Fazenda) possa arredondar esse índice. É importante, é um esforço meritório dentro da filosofia do governo Lula", disse Jucá, informando que já havia recebido o consentimento dos líderes no Senado sobre o acordo.

O clima na saída da reunião no Senado, com a presença de alguns deputados, foi de comemoração, com os participantes fazendo declarações efusivas sobre o entendimento. "Com esse acordo, acredito que a votação será por unanimidade", disse o senador Paulo Paim (PT-RS).

"Grande vitória". "O governo tem de entender que a Câmara e o Senado fecharam o acordo para resolver o problema. É um bom acordo para encerrar o assunto", disse o deputado Paulinho da Força (PDT-SP), que comanda a Força Sindical.

"É uma grande vitória para os aposentados", afirmou o presidente da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), Warley Martins.

A reação de Vaccarezza, que não participou da reunião, foi em sentido oposto. "O presidente Lula não vai fazer loucura por causa do ano eleitoral! O governo não tem condição financeira para isso, porque já demos um reajuste consistente para os aposentados", bradou Vaccarezza, visivelmente irritado, negando o acordo. "Essa proposta não será aprovada com o meu voto."

Pela manhã, em mais uma rodada de negociação com Vaccarezza, os líderes da base afirmaram que queriam um entendimento com os senadores para que o mesmo índice fosse aprovado nas duas Casas. Os deputados não querem votar o índice de 7% e ver os senadores concedendo um reajuste maior .

O próprio Vaccarezza defendeu a necessidade de um acordo com os senadores. "Queremos fazer chegar a um ponto de conforto na Câmara e no Senado", afirmou pela manhã. Ele disse que a votação da medida provisória ficaria para a próxima semana "para facilitar os entendimentos com os senadores".