Título: Amorim diz que iranianos poderiam flexibilizar posição
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2010, Internacional, p. A12

Chanceler afirma que País é contra proliferação nuclear, mas não definiu posição do governo caso sanções sejam votadas

O Brasil ainda não sabe como se posicionará caso novas sanções ao Irã sejam votadas no Conselho de Segurança da ONU. Defensor da negociação para a questão nuclear iraniana, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que Teerã tem de mostrar mais flexibilidade.

"Eu nunca disse como Brasil votará. Falei apenas que a experiência no Iraque foi absolutamente devastadora para a população local", afirmou o chanceler durante reunião dos doadores para o Haiti na ONU, lembrando as informações equivocadas dos serviços de inteligência americanos que acusavam o regime de Saddam Hussein de possuir armas químicas.

O Brasil busca evitar uma nova leva de sanções ao Irã optando pelo prolongamento das negociações, conforme o chanceler deixou claro ontem. A posição é a mesma da Turquia, também membro do Conselho. Amorim e a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Viotti, disseram não saber das informações divulgadas ontem de que China e Rússia apoiariam novas sanções ao Irã. EUA, França, Grã-Bretanha e Israel acusam os iranianos de desenvolverem armas atômicas. O Irã nega e diz que o programa tem fins pacíficos.

Para o ministro, existe uma desconfiança mútua e os dois lados ? Irã e EUA ? deveriam negociar uma solução. "Não vou negar que o Irã também deveria mostrar flexibilidade", disse Amorim. Mais adiante, ele afirmou que, "se há dúvidas, acho que o Irã deveria fazer o possível para ajudar a resolvê-las".

O chanceler também defendeu um Oriente Médio livre de armas nucleares, incluindo Israel, que possui um arsenal atômico não declarado. "O Brasil é contra armas nucleares, seja na Rússia, nos EUA, na China ou em Israel. Se algum dia o Irã também tiver, seremos contra."