Título: O cenário de um ataque de Israel ao Irã
Autor: Sanger, David E.
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2010, Internacional, p. A19
Exercício do think-tank Brookings Institution simula passo a passo uma operação militar israelense contra usinas nucleares iranianas
Em 1981, Israel destruiu o reator nuclear iraquiano em Osirak, declarando ser impossível conviver com a possibilidade daquele país obter a capacidade de lançar armas nucleares. Em 2007, os israelenses atacaram um reator construído pelos norte-coreanos na Síria. E no ano seguinte, Israel solicitou secretamente aos EUA o equipamento e o direito de sobrevoar territórios dos quais um dia poderia precisar para atacar o Irã.
O pedido foi recusado, mas a solicitação acrescentou urgência à pergunta: Será que Israel correria o risco de atacar? A pergunta foi transformada em jogos de guerra mais formais. As simulações do próprio governo são confidenciais, mas o Centro Saban para a Política do Oriente Médio, da Brookings Institution, criou em dezembro sua própria versão do exercício. Os resultados foram suficientemente provocativos para que um resumo deles circulasse entre os principais funcionários do governo e do Exército dos EUA, e também em muitas capitais estrangeiras.
Ex-funcionários do governo americano e agentes do serviço de inteligência foram trazidos ao exercício. Para que eles pudessem desempenhar seus papéis sem temer repercussões negativas, suas identidades não foram reveladas. Este repórter participou como observador. Um relatório de Kenneth M. Pollack, que atuou como diretor no dia da simulação, pode ser encontrado no site do Centro Saban.
Uma ressalva: as simulações comprimem o tempo e com frequência simplificam de maneira excessiva os acontecimentos. Muitas vezes subestimam o risco de erros - por exemplo, a interpretação equivocada que os líderes poderiam ter a partir de dados de espionagem incorretos, enxergando padrões de agressão em acontecimentos aleatórios. As medidas adotadas parecem bastante plausíveis; os jogadores conheciam bem a política e a burocracia dos países. Prever as jogadas do Irã foi mais difícil, pois pouco se sabe sobre a tomada de decisões do regime.