Título: Sinopec se lançou, com atraso, à internacionalização
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2010, Economia, p. B7

O ano de 2010 será o ano da expansão internacional da Sinopec, disse recentemente o gerente-geral da companhia, Su Shulin. Nos últimos meses, a petroleira chinesa anunciou negociações com as estatais de Irã e de Angola para aquisição de fatias em importantes blocos exploratórios, operações que ultrapassam os US$ 4 bilhões. Agora, negocia sua entrada no promissor litoral brasileiro, onde ainda não tem atividades.

A Sinopec, na verdade, está atrasada em relação às outras duas grandes petroleiras estatais chinesas, Cnooc e Petrochina, que partiram bem antes para a aquisição de ativos internacionais. O movimento tem respaldo do governo local, que busca segurança no suprimento futuro de petróleo e gás. Segundo dados da petroleira britânica BP, a China fechou 2008 na terceira posição entre os maiores importadores de petróleo, atrás apenas dos Estados Unidos e Japão, com compras externas de 3,7 milhões de barris por dia.

Situação que tende a piorar, diante da rápida recuperação econômica do país após a crise econômica. Em fevereiro, a demanda chinesa por petróleo cresceu 28% com relação ao mesmo mês do ano anterior, ritmo considerado "espantoso" pela Agência Internacional de Energia. O país se tornou, pela primeira vez, o maior comprador de petróleo da Arábia Saudita.

A estratégia de Pequim é simples: aproveitar a excelente poupança interna para garantir acesso a reservas, seja pela compra de empresas ou blocos exploratórios, seja pela concessão de financiamento em troca de contratos de suprimento de petróleo - como já foi feito com a Petrobrás, que tomou US$ 10 bilhões do banco chinês de desenvolvimento.

Tal apetite, porém, gera alguns protestos, principalmente nos Estados Unidos, onde pipocaram, em meados da década, questionamentos à proposta de US$ 18,5 bilhões feita pela Cnooc à petroleira independente Unocal. A companhia chinesa acabou desistindo do negócio por outras razões, mas o episódio trouxe à tona o medo americano a respeito de um domínio chinês também no setor de petróleo.